Bacurau
- Direção: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
- Duração: 132 minutos
- Recomendação: 16 anos
- País: Brasil e França
- Ano: 2019
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Há vários filmes em Bacurau — e esta é uma de suas qualidades. Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, o longa-metragem, de Kleber Mendonça Filho (de Aquarius) e Juliano Dornelles, tem força para conquistar as plateias brasileiras. Num misterioso clima de suspense e ambiência rural futurista, o fictício povoado de Bacurau, no sertão pernambucano, sofre com o abastecimento de água, além de um grupo de americanos estar preparando crimes em massa. A cidade já desapareceu literalmente do mapa, assim como alguns habitantes. A resistência de moradores, como a médica interpretada por Sonia Braga, será a mola propulsora para um levante. Em entrevista à imprensa, os diretores revelaram que o filme foi pensando dez anos atrás, ou seja, não há nenhum embate direto com o governo Bolsonaro. Mas existe, sim, um confronto com o autoritarismo, a corrupção, o descaso com o povo nordestino — e, nascidos em Pernambuco, Kleber e Juliano sabem encontrar as feridas sociais. O mais surpreendente, contudo, é que Bacurau não se limita a um gênero. Trata-se de uma ficção dramática, com momentos de humor, que culmina num faroeste em alusão à guerrilha do cangaço — e aí o destaque fica para Lunga, o herói-bandido interpretado por Silvero Pereira. Direção: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles (Brasil, 2019, 131min). 16 anos. Estreou em 29/8/2019.