Esperando Godot – Elias Andreato
- Direção: Elias Andreato
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 12 anos
- Ano: 2016
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Obra-prima do irlandês Samuel Beckett (1906-1989), Esperando Godot é frequente objeto de citações de diretores-cabeças e, sem trégua, ganha montagens pelos palcos afora — uma outra, lançada em abril, também pode ser vista na cidade, no Teatro Faap. Quase sempre, a proposta vem mergulhada em um pessimismo que não impacta tanto o espectador já experiente em relação ao texto. Dirigida por Elias Andreato, a nova versão da tragicomédia carrega um diferencial: o infinito atraso do personagem do título aproximou os mendigos Estragon e Vladimir (interpretados respectivamente por Andreato e Claudio Fontana) e, dessa intimidade, a dupla tira forças para seguir adiante no desgastante objetivo de aguardá-lo. Enquanto divagam, contam piadas, brigam, fogem um do outro e retornam à estrada, os dois cruzam com novos personagens — o carrasco Pozzo (papel de Raphael Gama), o escravo Lucky (Clovys Torres) e um mensageiro (Guilherme Bueno). A companhia de um ao outro, no entanto, é suficiente e, como em um casamento, Estragon e Vladimir desafiam o tempo em nome da rotina. Em uma trilha clownesca, Andreato sublinha as tiradas espirituosas, enquanto Fontana, introspectivo, opta por um caminho delicado e poético. Estreou em 9/9/2016.