Lazarus
- Direção: Felipe Hirsch
- Duração: 120 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O musical Lazarus, criado pelo cantor inglês David Bowie (1947-2016) e pelo dramaturgo irlandês Enda Walsh, soa diferente dos expoentes do gênero que frequentam nossos palcos. Dirigido por Felipe Hirsch, o espetáculo é calcado em lindas imagens e em um intrigante texto em que, por vezes, salta um número musical, alguns impactantes, outros esquisitos, nenhum digestivo. A maior parte deles é defendida por atores sem experiência nesse tipo de montagem, logo sobrepõem a intuição ao apuro técnico. Esse conjunto de escolhas garante personalidade ímpar à trama de ficção científica, inspirada no livro O Homem que Caiu na Terra, de Walter Tevis, que chega ao espectador com a potência de um mergulho lisérgico. Thomas Jerome Newton (Jesuíta Barbosa, na foto, cujo tom monocórdico favorece a composição) é um alienígena angustiado, incapaz de voltar ao planeta de origem, que ocupa seus dias na Terra agarrado às garrafas de gim e às lembranças de uma garota (papel da carismática Bruna Guerin). O cenário espelhado de Daniela Thomas e Felipe Tassara ainda reflete personagens como o serial killer Valentin (o surpreendente Rafael Losso, destaque do elenco) e um casal em crise (os atores Vitor Vieira e Carla Salle). Pouco palatável, o quebra-cabeça em torno do protagonista carrega uma estranheza, reforçada pelos arranjos das dezoito canções de Bowie, que pode até assustar. Devidamente assimilado, porém, provoca sensações e encantamento incomuns. Com Gabriel Stauffer, Luci Salutes, Marcos de Andrade, Natasha Jascalevich, Olivia Torres, Valentina Herszag e outros. Direção musical de Maria Beraldo e Mariá Portugal (120min). 14 anos. Estreou em 22/8/2019. Até 27/10/2019.