O Oficial e o Espião
- Direção: Roman Polanski
- Duração: 132 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: França, Itália
- Ano: 2019
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
É sintomático que, em O Oficial e o Espião, Roman Polanski traga à cena um caso que entrou para a história como um dos maiores erros judiciais. Motivo: Polanski foi condenado pelo estupro de uma menor nos Estados Unidos na década de 70, está proibido de voltar ao país e é considerado persona non grata por muitas celebridades. Na recente cerimônia do César, o Oscar francês, ele não apareceu para receber o prêmio de melhor direção e, quando foi anunciada sua vitória, alguns convidados, como a atriz Adèle Haenel, deixaram a sala em forma de protesto. Seu novo filme seria uma maneira de expressar que ele está certo (já pagou pelo crime que cometeu) e convencer os outros de que estão errados? Em 1894, Alfred Dreyfus (Louis Garrel), um judeu que era capitão do Exército, foi acusado de traição, condenado e levado para a prisão da Ilha do Diabo, a mesma da história verídica de Papillon. Coronel antissemita, Georges Picquart (Jean Dujardin) foi, pouco a pouco, investigando o caso Dreyfus e percebendo que poderia se tratar de uma farsa. Polanski é rigoroso na recriação de época e nos detalhes, alguns até excessivos, como a gama de personagens e as entranhas para comprovar a armação. Aos 86 anos de idade, o cineasta não quer brilhar pelos malabarismos estéticos ou por invencionices visuais. Clássico, quer ser apenas um bom contador de histórias — como sempre foi. Direção: Roman Polanski (J’Accuse, França/Itália, 2019, 132min). 14 anos. Estreou em 12/3/2020.