Paula Rego

Resenha por Jonas Lopes

A pintora portuguesa
ganha uma retrospectiva com 110 obras realizadas
de 1953 a 2009, entre pinturas, desenhos,
gravuras e colagens. É uma excelente
oportunidade para o público brasileiro entrar
em contato com uma produção de grande impacto
estético, caracterizada por figuras de formas
tão indistintas quanto as do francês Balthus.
A abordagem corrosiva e naturalista da
sexualidade pode ser digna de comparação com
a do alemão naturalizado inglês Lucian Freud,
para muitos especialistas o mais importante artista
vivo. Às vezes bonecos servem de modelo
para Paula, de 76 anos, e o aspecto narrativo das
peças advém de fontes diversas. Há desde a influência de contos infantis e de literatura até a
crítica social, latente na série O Aborto, composta
de pastéis nos quais jovens interrompem
a gravidez, e em Circuncisão Feminina, sobre
mutilação genital. As águas-fortes do conjunto
Rimas Infantis remetem aos perturbadores Caprichos
de Goya. Recordações pessoais também
aparecem aqui e ali, caso da misteriosa acrílica
A Família. É difícil não observar nesses trabalhos,
marcados pela presença da libido e da
morte, um comentário revelador, algo funesto,
acerca da condição humana. De 19/03/2011 a 05/06/2011.

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