Ser José Leonilson
- Direção: Aura Cunha
- Duração: 110 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O ator mineiro Laerte Késsimos, de 36 anos, chamou atenção na cena paulistana como integrante da Cia. Os Satyros, passou pelo Núcleo Experimental de Zé Henrique de Paula e participou de espetáculos interessantes como Refluxo e Unfaithful, ambos de 2017. Em seu projeto mais pessoal, ele recorre à biografia e ao universo do artista plástico José Leonilson (1957-1993) para simular um diálogo sobre suas experiências em torno de família, carreira e sexualidade. Para o monólogo Ser José Leonilson, Késsimos contou com a dramaturgia de Leonardo Moreira e a direção de Aura Cunha, representantes da Cia. Hiato, coletivo especializado em solos de atores que fundem realidade e ficção. O resultado da estreia está longe de decepcionar, mas deixa claro que a montagem ganhará em densidade à medida que o protagonista se apropriar do texto e explorar melhor a metalinguagem. Em uma conversa franca e corajosa, ele embaralha as figuras de tal modo que o espectador se pergunta sobre a identidade do personagem enfocado. Késsimos puxa detalhes do passado do pai e, no fictício relato a Leonilson, revela inseguranças artísticas e fala sobre a difícil compreensão dos outros em torno de sua homossexualidade. Os melhores momentos trazem as duas identidades nubladas e, principalmente, as dúvidas em torno da criação do espetáculo. Késsimos conquista pela naturalidade, inclusive na incapacidade de disfarçar o nervosismo, e crava pela primeira vez uma veia autoral em sua trajetória, a ponto de não soar descolada a discutível opção do encerramento (110min). 16 anos. Estreou em 14/11/2019. Até 15/12/2019.