Por dentro da obra>Experimento 1: Bolas sobre Gesso (2019), Marcia Pastore
Comportamento dos materiais e rua 25 de março estão entrelaçadas na construção dessa fotografia

Marcia Pastore tem obras em exibição na Pinacoteca, até 6 de abril, e na Kogan Amaro, até 21 de março. Nessa última exposição, chamada Arapuca, ela apresenta a série Experimento 1, da qual a foto abaixo é parte, mais uma instalação.
O PRINCÍPIO Em seu ateliê na Barra Funda, a artista tem uma estrutura de gesso, uma espécie de cama. “Faço experiências diárias por lá. É como se fosse o meu moleskine”, especifica a paulistana. Na série Experimento 1, ela resolveu atirar bolinhas na estrutura. “O resultado é a criação de uma pintura efêmera no espaço”, diz.
SEM MEDO DE MUVUCA Marcia não se recorda de quantas bolinhas usou para fazer essa série de fotos. Pela imagem abaixo, é possível concluir que ao menos setenta esferinhas de plástico foram recrutadas. “Comprei na Rua 25 de Março, em um dos armarinhos. Tenho a impressão de que o céu e o inferno convivem lá”, afirma.
DIÁLOGO COM A ESCULTURA A produção de peças escultóricas é menos exata do que os visitantes de uma mostra podem imaginar. “Ao moldar a obra, a ideia original se transforma, e o que temos no final é um vestígio”, explica Marcia, que também vê na imagem acima essa valorização da ação quando ela acontece. É o velho “Quem viu, viu!”.
A PERSONALIDADE DO GESSO “Enquanto pó, ele é fino e volúvel. Quando compactado, é duro e registra marcas”, detalha a artista sobre os humores multifacetados do material. Curiosamente, a rede de pesca da instalação Arapuca também tem características parecidas. Em descanso, é frágil; se tensionada, vira uma barreira.