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Na rabeira do filão espírita, “As Mães de Chico Xavier” deixa a desejar

Filme de 3,8 milhões de reais tem direção de arte medonha, fotografia chapada, atuações desencontradas e uma cafona trilha sonora

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h12 - Publicado em 2 abr 2011, 00h51

Desde que, três anos atrás, o sofrível longa-metragem “Bezerra de Menezes — Diário de um Espírito” levou mais de 500.000 espectadores aos cinemas, o Brasil despertou para o filão dos filmes espíritas. Lançadas em 2010, a boa cinebiografia “Chico Xavier” e a pretensiosa superprodução “Nosso Lar” alcançaram, respectivamente, 3,4 milhões e 4 milhões de pessoas. Nessa rabeira, estreia As Mães de Chico Xavier, dirigido por Glauber Filho e Halder Gomes, parceiros em “Bezerra de Menezes”. Nota-se uma melhoria de lá para cá (a narrativa flui sem aborrecer), mas nada que resulte numa empreitada bem-sucedida.

O roteiro, inspirado no livro “Por Trás do Véu de Ísis”, de Marcel Souto Maior, procura ser engenhoso ao costurar histórias paralelas — no entanto, as fragilidades logo surgem. Há um casal (Herson Capri e Via Negromonte) às voltas com o filho drogado, uma professora (Tainá Muller) no dilema de uma gravidez indesejada, uma mãe (Vanessa Gerbelli) arrasada após a morte do filho e um jornalista cético (Caio Blat) encarregado de uma reportagem sobre cartas psicografadas. As tramas e os personagens vão, claro, convergir até o médium Chico Xavier (1910-2002), papel do sempre eficiente Nelson Xavier.

Com orçamento de 3,8 milhões de reais, “As Mães de Chico Xavier” tem direção de arte medonha (nem dá para saber exatamente em qual época a fita é ambientada), fotografia chapada, atuações desencontradas e uma cafona trilha sonora assinada por Flávio Venturini. Independentemente do tema, o público merece cinema de qualidade. É bem provável que uma parcela dos milhares de espíritas brasileiros se comova. Mas, se a realização não fosse tão tosca, os diretores talvez conseguissem atrair uma plateia menos específica e muito maior.

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