‘As Meninas’: mesmo título, duas peças distintas
Uma das montagens é uma tragicomédia criada pela atriz Maitê Proença; a outra é um drama adaptado do texto de Lygia Fagundes Telles

Qual a diferença entre as meninas criadas pela atriz Maitê Proença e as do romance de Lygia Fagundes Telles? Os paulistanos poderão tirar suas conclusões a partir desta semana. Escrita por Maitê e Luiz Carlos Góes, a tragicomédia ‘As Meninas’, dirigida por Amir Haddad, tem estreia prometida para sexta (12) no Teatro Cultura Artística Itaim. Simultaneamente, segue em temporada no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional o drama ‘As Meninas’, adaptação de Maria Adelaide Amaral para o livro publicado em 1973.
Ronaldo Aguiar
Clarissa Rockenbach e Luciana Brites: versão do livro de Lygia
No ano passado, Lygia indignou-se ao saber que uma peça homônima à sua obra entrava em cartaz no Rio de Janeiro. Por aqui, a versão dirigida por Yara de Novaes, sobre três jovens no auge do regime militar, estava em fase de ensaios. O texto de Maitê busca um caminho bem distinto. Duas garotas (Sara Antunes e Patrícia Pinho) trocam confidências diante do corpo da falecida mãe de uma delas. “Usei um título qualquer para mostrar a vida atravessando a morte, o humor como saída para a dor”, diz Maitê. A montagem paulistana, que iniciou as sessões em outubro, conquistou a plateia independentemente das discussões. Sua diretora, Yara de Novaes, no entanto, é incisiva: “São trabalhos distintos, mas, apesar de ser comum, o título ‘As Meninas’ designa uma obra cuja notoriedade ultrapassa seu significado inicial e remete, sim, ao livro de Lygia”.