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Bombeiros trabalham em incêndio no Limão e na Vila Leopoldina

Dois incêndios de grandes proporções quase simultâneos fizeram os militares trabalhar 23 horas seguidas

Por Sara Duarte
Atualizado em 1 jun 2017, 18h47 - Publicado em 30 nov 2009, 11h07
incendio Leopoldina
incendio Leopoldina (José Patrício/AE/)
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No fim da tarde chuvosa de terça (24), o major Átila Gregório Ribeiro Pereira preparava-se para encerrar seu expediente no 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros, na Casa Verde. Morador do bairro, o também major Wagner Bertolini Junior, comandante do 1º Grupamento, no Cambuci, estava de folga. O incêndio em uma fábrica de cosméticos no Bairro do Limão mudou a rotina dos dois. Às 18h30, o centro de operações acionou Pereira pelo rádio e determinou o envio de doze viaturas e 36 homens do quartel da Zona Norte. Bertolini assistiu à notícia pela TV e dirigiu-se ao local ainda em traje civil. Aos 43 anos, Pereira e Bertolini são bombeiros experientes e velhos amigos. Eles se conheceram na Academia do Barro Branco em 1985. Ao seu comando, bombeiros de quartéis distintos como os da Sé, Lapa, Cambuci, Casa Verde, Mooca, Butantã e Barueri, na Grande São Paulo, uniram esforços para conter as chamas. Após arrombarem a porta do galpão, eles viram escorrer uma cascata de cera quente, daquela de depilação. O fogo havia dissolvido milhares de latas do produto. O calor era insuportável e o trabalho, difícil.

 

 

‘Nossas botas grudavam no chão e as mangueiras ficavam presas na cera, que a todo momento borbulhava e respingava’, lembra Bertolini. ‘Dois de nossos homens sofreram queimaduras: um na cabeça e outro nas mãos’, conta Pereira. Em pouco mais de duas horas os soldados debelaram as chamas. Mas a sensação de missão cumprida durou pouco. Às 20h50, surgiu um novo chamado. Na Vila Leopoldina, a 10 quilômetros dali. Um depósito de produtos de limpeza havia pegado fogo. Dois terços da equipe voltaram para os caminhões e seguiram a toda a velocidade pela Marginal Tietê. No total, 100 bombeiros atuaram nas duas ocorrências, utilizando trinta viaturas e mais de 250 000 litros de água. O trabalho só terminou às 17h50 do dia seguinte.

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Naquela tarde, havia 580 bombeiros de plantão nos 42 quartéis da cidade- cerca de um terço do contingente total.

Os bombeiros trabalham um dia e folgam dois. Até quem não estava de serviço se apresentou para ajudar. Cerca de vinte soldados que haviam passado o dia em Mairiporã, fazendo um treinamento para resgate em enchente, voltaram e ficaram combatendo as chamas até 1 da manhã. ‘Com dois incêndios de grandes proporções no mesmo dia, toda ajuda era bem-vinda’, diz Pereira. Os primeiros alertas sobre o acidente na fábrica de cosméticos do Bairro do Limão começaram pouco depois das 18 horas: 25 pessoas da região ligaram para o número 193. Após pouco mais de duas horas, 32 cidadãos entraram em contato para avisar do fogaréu no depósito de produtos de limpeza da Zona Oeste. Na primeira ocorrência, não foram encontrados líquidos inflamáveis. Na seguinte, porém, havia 2 000 litros de álcool estocados, além de detergentes e 3 000 metros quadrados de pilhas de papel higiênico e papel- toalha. ‘A proprietária do estabelecimento ligou pedindo socorro, pois sabia que um incêndio naquele estoque poderia provocar uma tragédia’, afirma Pereira. Ao contrário da cera depilatória, que causou desconforto, mas acabou sendo vencida rapidamente pelos jatos de água, o material de limpeza voltou a formar brasa mesmo depois de molhado. ‘Tivemos de usar jatos de espuma e ficar de prontidão: a qualquer momento, um rolo de papel que já havíamos apagado voltava a arder em chamas’ explica Bertolini.

 

Pereira e Bertolini bombeiros
Pereira e Bertolini bombeiros ()
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Em todo o ano passado, houve 2 327 incêndios em residências da cidade, o que dá uma média de seis por dia. Os ncidentes no interior de indústrias, estabelecimentos comerciais, depósitos e centros automotivos somaram 560. As causas dos dois acidentes da semana passada estão sendo investigadas. O ‘Corpo de Bombeiros, no entanto, constatou que houve falhas na armazenagem dos produtos. ‘O primeiro local não tinha nenhum item de segurança como detectores de fumaça, extintores, sprinklers ou alarme de incêndio’, afirma Pereira. O depósito de produtos de limpeza da Vila Leopoldina, por sua vez, tinha hidrante com mangueira. Mas nenhum funcionário sabia como acioná-lo em caso de emergência

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