Projetos na CASACOR oferecem inspiração para apartamentos compactos
Tiny houses e estúdios contemplam a tendência de moradia do paulistano dentro do evento de arquitetura e decoração
De olho nas tendências, a CASACOR apresenta uma seleção de projetos que contemplam um estilo de morar em alta nos centros urbanos: a moradia compacta. Das tiny houses aos estúdios, diversas configurações estão presentes no maior evento de arquitetura de interiores das Américas, em cartaz no Conjunto Nacional.
Três destaques são os espaços assinados por Gabriel Sabugosa, Barbara Dundes e Luciana Viganó. Cada um oferece inspiração para o público, a partir da própria perspectiva, para casas e apartamentos pequenos.
No caso do escritório carioca Sabugosa Arquitetura, que celebra a abertura de sua filial na capital paulista com a participação na mostra, a proposta de criar uma tiny house veio junto do convite para participar do evento. “Com esse tema na cabeça desde o início, pensei em um lugar de refúgio, que transmitisse a sensação de estar fora da cidade”, conta Gabriel.
Para alcançar esse objetivo, ele desenvolveu um projeto com 40 metros quadrados de área construída e um jardim externo. Além do espaço com paisagismo, outro critério usado para dar a sensação de aconchego foi a ausência de quinas e paredes. “Isso proporciona uma fluidez para o espaço, que é um conceito legal para projetos menores”, ele comenta. “O olhar do morador fica sem barreiras e tem a sensação de que é tudo maior.”
A casa foi construída com o método steel frame (estrutura em aço leve) e montada no prédio na Avenida Paulista. Para zerar a produção de resíduos, em diálogo com o tema De Presente, o Agora, a estrutura já tem dono e, ao fim do evento, será desmontada e levada para Porto Feliz, interior de São Paulo, onde será reconstruída.
A arquiteta Barbara Dundes também elegeu a natureza como um dos critérios para guiar o apartamento de 62 metros quadrados. Todo o desenho da paulistana gira em torno de uma árvore, figura central na sala de estar. “Nós nos baseamos na filosofia milenar do taoísmo (do Leste Asiático, que fala sobre a ordem geral do universo), combinando-a com a nossa brasilidade”, explica a profissional.
Essa noção pode ser observada nos materiais empregados, que incluem inox, argila, areia, algodão, linho e camurça, na intenção de valorizar a matéria-prima natural. Mais do que a origem, o modo em que foram utilizados também conversa com a proposta. “O equilíbrio entre os materiais antagônicos também diz respeito ao taoísmo e nos permite estar mais serenos e presentes”, diz.
Segundo Barbara, um recurso útil para apartamentos menores é a versatilidade dos móveis, eletrodomésticos e objetos de decoração. “As peças devem se adaptar a novas funções, para que possam ser usadas de formas inusitadas.” Um exemplo citado por ela é a poltrona modernista de Jorge Zalszupin na sala do projeto, que pode ir para o quarto. “Traz mais flexibilidade e cria um layout menos engessado para o dia a dia.”
A tecnologia é mais uma aliada para otimizar os espaços. O estúdio projetado pelo escritório gaúcho Viganó Arquitetura, de 55 metros quadrados, recorreu a inovações em pontos como a automação da iluminação e a criação de um painel de vidro da LG para a televisão. Há ainda o desenho de uma marcenaria funcional para o armário embutido com os eletrodomésticos.
Em sua segunda participação na mostra, Luciana Viganó se pau tou pela arte e herança cultural, pendurando nas paredes do quarto e da sala quadros de dezessete artistas de todo o país. “O gosto pela arte é passado de pai para filho”, declara. “E as peças são uma forma de trazer identidade para um apê pequeno.”
Sua incursão no tema também se faz pela memória afetiva de família, com a cozinha ganhando um papel importante no projeto e o uso de materiais que ajudam a trazer aconchego, como a madeira e o veludo.
A CASACOR segue em cartaz até 28 de julho.
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de junho de 2024, edição nº 2898
