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Casarão de Ema Klabin abre ao público

Lar da empresária abriga telas de Chagall e Frans Post

Por Orlando Margarido
Atualizado em 5 dez 2016, 19h23 - Publicado em 18 set 2009, 20h34

A empresária Ema Gordon Klabin (1907-1994), carioca criada em São Paulo, foi uma personalidade notável da vida paulistana. Entre as suas iniciativas está a compra do terreno para abrigar o Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi. Mecenas, ela integrou conselhos de museus como o Masp. A essas incumbências se somava a de sócia-gerente na indústria de papel Klabin. Escolhida em 1945 pelo pai, Hessel Klabin, imigrante lituano de origem judaica e um dos fundadores da empresa, Ema ganhou assim a independência financeira e pôde dedicar-se com afinco a colecionar arte. Era uma paixão compartilhada apenas por amigos e freqüentadores do casarão do Jardim Europa, que ela mandou erguer e onde morou sozinha – jamais se casou – até o fim da vida. Ali, Ema formou um magnífico acervo de 1 545 trabalhos, entre pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, talhas do mineiro Mestre Valentim, mobiliário, peças arqueológicas e decorativas. A ótima notícia é que o endereço, transformado em fundação pela proprietária e mantido exatamente como na época em que ali residia, será aberto ao público a partir de terça (3) para visitas agendadas. Trata-se de um exemplo raro do que a nomenclatura da área chama de museu-casa de colecionador. Em São Paulo, o mais próximo desse modelo é a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. No Rio de Janeiro, cabe nessa definição o palacete de Eva Klabin Rapaport (1903-1991), irmã mais velha de Ema e também colecionadora, que exibe desde 1995 sua preciosa coleção da Renascença italiana com alterações sutis na disposição. Afinadas, elas mantinham uma saudável competição na aquisição de obras. Manter uma sopeira de porcelana chinesa do século XVIII ou uma tapeçaria persa do século XIX em seu devido lugar foi uma exigência expressa por Ema no estatuto da fundação. “O formato de residência e museu é comum na Europa e nos Estados Unidos”, diz o diretor do museu-casa, Paulo de Freitas Costa, que está lançando o livro Sinfonia de Objetos (Editora Iluminuras, 160 páginas, R$ 40,00), baseado na coleção. “Contribui para conhecer a vida privada do colecionador.” No caso de Ema Klabin, seu gosto eclético fica logo evidente na residência térrea de 900 metros quadrados inspirada no palácio alemão de Sanssouci, em Potsdam. Nela, os ambientes íntimos resumem-se a um quarto para hóspedes e uma magistral suíte recheada com telas de Di Cavalcanti, Portinari e Lasar Segall. Ema preferia os espaços sociais, onde recebia figuras como o magnata da imprensa Assis Chateaubriand, o industrial e mecenas como ela Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, e convidados estrangeiros, a exemplo do médico Albert Sabin. Mas era na biblioteca, seu reduto favorito, com 2.879 itens catalogados, que ela se reunia com o curador Pietro Maria Bardi, já à frente do Masp, e o bibliófilo José Mindlin para ouvir conselhos sobre as aquisições a fazer. Sua primeira compra, a tela do século XVIII Ariadne, do francês Jean-Baptiste Greuze, reluz ali entre os livros e é um excelente ponto de partida para o paulistano conhecer esse inédito tesouro. FUNDAÇÃO CULTURAL EMA GORDON KLABIN. Rua Portugal, 43, Jardim Europa, tel: 3062-5245. Terça, quinta e sexta, 14h às 18h. R$ 10,00. A partir de terça (3). É necessário agendar a visita em grupos de até dez pessoas por telefone ou pelo e-mail agendamento@fcegk.org.br.

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