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Terreno ao lado da Praça Júlio Prestes começa a receber conjunto habitacional

Mais de 10 000 pessoas irão morar no local, hoje degradado

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 16h04 - Publicado em 20 abr 2018, 06h00
Praça Júlio Prestes: revitalização com mais de 1 000 moradias (Leo Martins/Veja SP)
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Uma das regiões mais degradadas da cidade, a Praça Júlio Prestes, no centro, ganhará um novo capítulo no dia 29. Nessa ocasião, 170 famílias vão se mudar para o primeiro dos oito edifícios que serão erguidos no pedaço até o fim do ano que vem. As torres têm de doze a dezessete andares, com apartamentos de 41 a 51 metros quadrados. Serão entregues 1 202 unidades por meio de uma parceria público-privada, a PPP da Habitação. Orçada em 1,4 bilhão de reais, ela foi firmada em 2012 entre o governo do estado e o consórcio Canopus.

O empreendimento, projetado pelos arquitetos Mario Biselli e Artur Katchborian, está sendo construído pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) em um terreno de 18 000 metros quadrados, entre as vias Helvétia, Dino Bueno, Barão de Piracicaba e Duque de Caxias. Do total de apartamentos, 95% serão destinados a famílias com renda mensal entre 1 100 e 5 700 reais.

Uma das exigências é que pelo menos um morador trabalhe no centro. “O centro é rico em cultura e emprego, por que não trazer essas pessoas que já trabalham ali para morar na região?”, diz o governador Márcio França. Para evitar que ocorra ali a degradação que tem sido observada em projetos populares similares, que depois de alguns anos se tornam cortiços verticais, o contrato estipula um “processo de pósocupação”. Em suma, a construtora será responsável pelo gerenciamento e pela manutenção dos condomínios por um prazo de vinte anos.

Conjunto habitacional júlio prestes
Novos edifícios: os moradores chegam no fim do mês (Leo Martins)

O chamado Complexo Júlio Prestes também inclui a reforma da praça homônima (já finalizada), que conta com um espaço para apresentações artísticas e um parquinho infantil. Uma creche para 200 crianças e a revitalização do prédio do Corpo de Bombeiros, na Alameda Barão de Piracicaba, completam o projeto. “É mais do que construir moradia popular; vamos reurbanizar uma região inteira”, afirma o secretário estadual de Habitação, Nelson Baeta.

A Escola de Música Tom Jobim, que atualmente atende 1 300 alunos em um prédio alugado no vizinho Largo General Osório, será transferida para o quarteirão até 2020, em uma estimativa bem otimista. Originalmente, o plano previa a instalação de um centro mais amplo, chamado de Complexo Cultural Luz, que incluiria o Teatro da Dança, mas a iniciativa foi engavetada. Um bulevar integrará a área à Rua Santa Ifigênia. No térreo dos prédios voltados para a Alameda Dino Bueno haverá ainda um espaço para 67 estabelecimentos comerciais.

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A PPP da Habitação não se limita à região da Júlio Prestes e planeja ainda a criação de mais 2 400 unidades habitacionais em vários terrenos públicos na área central da metrópole. Perto dali, na Alameda Glete, os primeiros contemplados se mudaram em janeiro deste ano para apartamentos de dois quartos com 51 metros quadrados.

Ex-moradora de São Mateus, na Zona Leste, a pedagoga Fernanda do Carmo entrou na fila da CDHU em 2016 e foi contemplada em setembro passado. “Fiquei maravilhada com a qualidade do acabamento”, afirma Fernanda, que paga uma prestação de 400 reais por mês (serão 360 parcelas). Ela conseguiu a vaga porque seu marido, José Luanderson, trabalha no centro, em uma unidade da Sabesp.

NOVA LUZ FERNANDA GLETELM4.jpg
O casal José e Fernanda, em seu novo apartamento (Leo Martins/Veja SP)

A chegada de moradores “de fora” é criticada por quem defende vagas para quem já mora no centro. “Cerca de 500 famílias habitam cortiços e não serão contempladas no projeto”, afirma a arquiteta e urbanista Danielle Klintowitz. “Em vez de trazer moradores de São Mateus, seria mais viável realocar quem já está lá.”

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Além da CDHU, ligada ao governo estadual, a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), do município, está promovendo intervenções na área. Pelos planos, dois quarteirões localizados na Rua Helvétia e na Alameda Dino Bueno serão desapropriados até 2020. A preferência de ocupação será dada a quem já mora por ali.

Um dos pontos fica localizado no terreno que foi alvo de uma operação desastrada da gestão João Doria em 2017. Após a última grande ação policial do governo do estado, o então prefeito anunciou a desocupação de diversos lotes, mas um trator derrubou um muro e feriu três pessoas. “Tudo será feito com calma, e vamos cadastrar todos que vivem nesses pontos”, diz o presidente da Cohab, Edson Aparecido.

A degradação urbana da Praça Júlio Prestes, que se acentuou há trinta anos com a Cracolândia, data de um período mais remoto: 25 de janeiro de 1961, dia em que o Terminal Rodoviário da Luz foi inaugurado. O bairro, até então predominantemente residencial, deu lugar a hotéis e hospedarias. Junto veio a prostituição.

Conjunto habitacional
O terreno que será desapropriado (Leo Martins/Veja SP)
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Com o surgimento de rodoviárias em outras regiões da cidade, sobretudo a do Tietê, inaugurada em 1982, o local se viu esvaziado e os antigos estabelecimentos entraram em uma espiral de decadência. A partir da década de 90, esse quadro se agravou com a chegada dos usuários de drogas — e, ao longo dos anos, a deterioração física dos dependentes que perambulam por ali se somou à degeneração dos imóveis do entorno.

A PPP em números

O centro da cidade vai receber mais de 10 000 novos moradores

3 683 apartamentos serão construídos

2020 é o prazo para a entrega de todos os prédios

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5 000 pessoas comporta o local para eventos na praça

1,4 bilhão de reais é o valor da parceria público-privada

20 anos é o prazo para que a empresa cuide do negócio

190 000 inscritos disputaram as novas residências 

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