Em meio à crise, Avenida Paulista encara dezembro com pouca decoração
No Natal de vacas magras, não haverá guirlandas nem iluminação nos postes da via
Cruzar a Avenida Paulista na época natalina foi, por mais de uma década, um programa familiar e tanto, que atraía gente de toda a cidade e também turistas. Bancos e empresas embelezavam sua fachada e um dos pontos de maior destaque era um gigantesco palco montado pela prefeitura entre a Rua Padre João Manuel e a Alameda Ministro Rocha Azevedo. Enfeitada por bonecos, renas, árvore iluminada e um Papai Noel de 10 metros de altura, a estrutura podia ser avistada (e fotografada) de longe.
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Era um negócio de parar o trânsito, literalmente: formavam-se congestionamentos de carros em marcha lenta para que os motoristas pudessem curtir e fotografar tudo. Hoje, no entanto, o clima por lá é bem diferente. Não há guirlandas nem iluminação nos postes ao longo do canteiro central da avenida, e o Parque Trianon, cujas árvores costumavam receber luzinhas, está um breu. O charmoso casarão de número 1811, onde até outubro do ano passado funcionava uma agência bancária do Itaú Personnalité famosa pelos enfeites de Natal extravagantes, agora exibe uma placa que anuncia a locação. No número 1450, ocupado pelo Bradesco Prime, a última produção impactante foi em 2011.
Desde 2015, a avenida cartão-postal da cidade vem perdendo o brilho na época das festas de dezembro. A atual crise econômica agravou o processo. A SPTuris afirma que não recebeu da prefeitura um único centavo para gastar com decoração natalina em 2016, mas tentou manter o clima de festa na cidade com a busca de patrocinadores. Emplacou apenas um projeto, o da árvore de Natal do Ibirapuera, instalada na Praça Escoteiro Aldo Chioratto no último dia 26, com a ajuda da Coca-Cola. Em outra ação, via SPTrans, 33 ônibus decorados rodam pela cidade, inclusive pela Paulista, até o fim do ano.
Atualmente, só alguns pontos ainda mantêm a tradição, a exemplo do Conjunto Nacional. O endereço colocou mandalas de material reciclado na fachada e um presépio parcialmente reaproveitado de 2015. “Estamos vivendo um momento de tristeza, mas não deixamos de enfeitar”, diz a síndica do condomínio, Vilma Peramezza, que também preside a Associação Paulista Viva. Segundo ela, o prédio gastou 150 000 reais, menos da metade da despesa do ano anterior.
Do outro lado da Paulista, o Shopping Center 3 chama atenção com Papais Noéis praianos e uma árvore de 10 metros de altura na calçada. Outro centro de compras localizado ali por perto, o Cidade São Paulo desembolsou cerca de 1 milhão de reais para embelezar corredores, fachada e as árvores ao redor. Está prometida para este domingo, 18, a instalação de uma árvore feita de luzes no topo do Edifício Ansarah, no número 2136 da avenida. Segundo os responsáveis pela iniciativa, a projeção poderá alcançar 5 quilômetros de altura. Em tempos de recessão, é quase um milagre.
Passado cintilante
Três conjuntos que encantavam os paulistanos e causavam congestionamentos
O palco iluminado. Entre a Rua Padre João Manuel e a Alameda Ministro Rocha Azevedo, a estrutura foi erguida pela última vez em 2014.
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Bradesco. Decoração exuberante e corais faziam parte da programação da agência do banco, enfeitada entre 2004 e 2011.
Bank Boston. A esquina ocupada pela instituição financeira e depois pelo Itaú Personnalité teve sua última decoração em 2014.