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Doria confia em permanência da F-1 em SP e rebate Bolsonaro

"Temos um autódromo bem-sucedido, seguro, preparado. E uma visão inovadora dos novos proprietários da F-1", afirmou o governador

Por Estadão Conteúdo
25 jun 2019, 17h10
 (Reprodução/Veja SP)
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Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar que há 99% de chance de o GP do Brasil de Fórmula 1 ir para o Rio de Janeiro a partir de 2021, o governador de São Paulo, João Doria, disse nesta terça-feira que confia na permanência da corrida na capital paulista após 2020. A cidade tem contrato com a principal categoria de automobilismo do mundo somente até o próximo ano.

“Sou um eterno otimista: não vamos perder a Fórmula 1. Sem nenhuma arrogância. Estou apenas pensando na experiência de São Paulo, dos seus promotores. Temos um autódromo bem-sucedido, seguro, preparado. E uma visão inovadora dos novos proprietários da F-1”, afirmou Doria, em entrevista coletiva concedida ao lado do diretor executivo da F-1, Chase Carey, do prefeito Bruno Covas e do promotor do GP brasileiro, Tamas Rohonyi.

São Paulo vem intensificando as negociações para a renovação desde o início do ano, após o Rio de Janeiro demonstrar claro interesse em receber a corrida a partir de 2021. Há duas semanas Carey esteve na capital paulista para uma reunião a portas fechadas com o prefeito e com o promotor do GP. Bruno Covas deixou o encontro otimista com a possibilidade de definir a renovação ainda neste ano.

Nesta terça-feira, portanto, havia expectativa de que fosse anunciado algum acordo ou até mesmo a renovação do contrato da cidade paulista, o que não aconteceu. Questionado sobre o possível novo acordo, Carey desconversou e disse que ainda avalia todas as possibilidades no Brasil, como havia declarado na segunda, após encontro com o presidente Jair Bolsonaro.

No encontro, em Brasília, o presidente afirmara que tinha “99% de chance ou até mais” de o Rio de Janeiro receber a corrida a partir de 2021. Também afirmou que Doria seria pré-candidato à presidente na futura eleição de 2022 e, por isso, deveria pensar mais no Brasil e não somente em São Paulo.

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Nesta terça-feira, Doria rebateu Bolsonaro, mas tentou manter um tom diplomático. “Não é uma disputa política, eleitoral ou institucional. Não é essa a intenção. Não queremos desmerecer o Rio, cidade que pessoalmente tenho amor. Vivi no Rio, conheci minha esposa no Rio. Tenho memórias e muito respeito pelo Rio. E tenho total respeito pelo presidente Jair Bolsonaro, paulista como eu, que nasceu aqui”, declarou.

“A nossa ação não significa cair em nenhuma desrespeito ou desafio ao presidente da República. Nem desmerecer o Rio. Mas é meu dever, como governador, ter a obrigação de defender o Estado de São Paulo e os brasileiros que vivem aqui”, afirmou. “Sou brasileiro, presidente, ao defender São Paulo, cumpro com a minha obrigação de governador dos brasileiros que moram aqui. Assim como Bruno Covas defende sua obrigação ao defender a cidade de São Paulo. Juntos podemos fazer melhor”.

Ao mesmo tempo, Doria ironizou o bairro do Rio de Janeiro onde se baseia o projeto do novo autódromo, que poderia receber eventualmente as corridas de F-1. “Avalio que os meios de comunicação deveriam visitar Deororo para ver se há condições de fazer qualquer coisa neste prazo. Não há pauta eleitoral, não há disputa com o presidente. Há o sentimento de que o Brasil deve manter o GP. Recomendo que visitem e sobrevoem o local. Até porque só dá para chegar lá a cavalo. Mas não quero desmerecer a opção do Rio. Mas não há nada lá, nem acesso, nem energia, nem saneamento”.

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A nova reunião entre as partes aconteceu nesta terça-feira, uma hora antes da coletiva promovida pelos governos estadual e municipal, no Palácio dos Bandeirantes. Estava marcada inicialmente para segunda, mas um choque de agenda justamente com o Rio de Janeiro adiou o encontro. Carey esteve no Palácio do Planalto, em Brasília, onde se reuniu com Bolsonaro e com o governador do Rio, Wilson Witzel. Também estiveram presentes o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o empresário José Antonio Pereira Junior, presidente do Rio Motorsports, consórcio que venceu a licitação para construir o novo circuito do Rio.

A disputa com o Rio de Janeiro vem se tornando uma “novela” desde que Bolsonaro anunciou no início de maio que assinara um termo de compromisso com a F-1 para trazer de volta a categoria à capital fluminense. No evento, ele esteve acompanhado do prefeito Marcelo Crivella e de Witzel.

Desde então, novas ações foram anunciadas para atingir este objetivo, como a licitação do futuro autódromo. Ainda no mês passado, autoridades foram até Montecarlo para se encontrar com Carey no final de semana do GP de Mônaco. Lá entregaram o projeto do circuito e um cronograma de obras, que não foi tornado público.

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Há, contudo, obstáculos para acertar o eventual retorno da F-1 ao Rio de Janeiro. O primeiro é o pagamento do circuito, estimado em R$ 700 milhões. Segundo os responsáveis pelo projeto ele será todo bancado pela iniciativa privada. Os investidores, porém, não foram divulgados. O tempo de construção da estrutura também preocupa. Em média, um circuito de F-1 exige ao menos dois anos de obras, que ainda não começaram. E, como o projeto carioca é receber a prova a partir de 2021, o prazo estaria curto.

O tempo poderá ficar ainda menor por eventuais questões ambientais na Justiça. Isso porque no local que pretende receber o novo autódromo está a Floresta do Camboatá. Recentemente, a Câmara dos Vereadores apresentou projeto de lei para transformar o terreno em Área de Proteção Ambiental (APA), por ser um dos últimos locais de Mata Atlântica em área plana na cidade.

O GP do Brasil de Fórmula 1 é disputado em São Paulo desde 1990. Entre as década de 70 e 80, o Rio de Janeiro recebeu 10 edições da corrida no autódromo localizado em Jacarepaguá, também na zona oeste da cidade. O local foi desativado em sua totalidade para a construção do Velódromo, utilizado nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

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