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Antigos B.O.s de pré-candidatos circulam às vésperas da eleição da OAB-SP

Os documentos com polêmicas têm aparecido em grupos de WhatsApp de advogados nas últimas semanas. Votação ocorre em menos de dois meses

Por Pedro Carvalho
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h29 - Publicado em 1 out 2021, 06h00
Um homem no púlpito do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele está discursando
Santos, o atual presidente: recurso contra multa (Reprodução OAB-SP/Instagram)
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A temperatura subiu na eleição para a presidência da OAB do estado de São Paulo, que tem 450 000 advogados filiados e orçamento anual de 470 milhões de reais, agendada para 25 de novembro. Nos últimos dias, boletins de ocorrência antigos (e polêmicos) envolvendo pré-candidatos circularam em grupos de WhatsApp da categoria — um tipo de ataque não visto em pleitos anteriores da instituição.

O pré-candidato Leonardo Sica, que na eleição de 2018 venceu a disputa na capital (mas acabou derrotado na contagem estadual), protagoniza três desses B.O.s. Um deles, de 2013, foi registrado por duas funcionárias da Casa Fasano. Elas afirmam que teriam sido humilhadas em uma confusão após o sumiço de um anel de rubi da esposa de Sica no banheiro do bufê. Em uma gravação à qual Vejinha teve acesso, uma delas diz: “(Sica) falou que a gente valia menos que lixo”.

Leonardo Sica
Leonardo Sica, pré-candidato à presidência da OAB-SP (Reprodução/Instagram)

O anel foi achado dias depois, na tubulação do esgoto. Sica nega a acusação. “Fiquei irritado quando a gerência disse que não poderia vasculhar os armários da equipe, mas jamais falei aquelas palavras”, conta o advogado, ligado ao movimento de renovação política Raps. Outra ocorrência, de 2009, foi feita por funcionários da Azul de Viracopos, que alegaram ter sido agredidos ao impedir que Sica embarcasse em um voo com um cachorro sem a gaiola adequada.

Sica admite que houve a discussão áspera, mas nega qualquer agressão. O caso chegou a virar um inquérito, arquivado em 2012. “Um funcionário declarou no B.O. que teve um dente quebrado, mas o IML, no laudo, não achou a lesão”, diz (o laudo foi apresentado à reportagem). O terceiro episódio, de 2009, foi registrado pela ex-mulher de Sica após uma briga e indicava uma suposta agressão. Dias depois, ela própria declarou em juízo que não queria ir à Justiça contra o advogado.

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Há ainda um B.O. de “crueldade contra animais” que envolve o atual presidente da OAB-SP, Caio Augusto Silva dos Santos. Foi feito pela Secretaria de Agricultura estadual, em 2014, após o órgão flagrar um rodeio irregular em uma fazenda arrendada pelo advogado, no município de Álvaro de Carvalho. A secretaria multou Santos em valor próximo a 100 000 reais, mas ele recorre da cobrança. “O evento foi organizado por caseiros do local, sem o meu conhecimento”, ele afirma. “É como alguém pegar o seu carro e levar uma multa”, diz.

“B.O.s são declarações unilaterais, qualquer um pode registrar qualquer coisa”, defende-se Sica. “Surgiram ‘gabinetes do ódio’ nas eleições da OAB-SP, que costumavam ser civilizadas”, diz.

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Publicado em VEJA São Paulo de 6 de outubro de 2021, edição nº 2758

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