Fernanda Torres: aos 40 anos, atriz estréia monólogo picante
"Até me acho atraente, mas não sou um símbolo sexual", diz ela
Na peça A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, em cartaz na cidade pela quarta temporada, a atriz Fernanda Torres conduz um picante – e bota picante nisso – monólogo sobre as aventuras sexuais de uma libertina de 68 anos. Fernanda garante que não sabe ao certo por que foi convidada para o papel. “Até me acho atraente, mas não sou um símbolo sexual”, diz ela, mãe de Joaquim, de 7 anos, e casada há dez com o cineasta Andrucha Waddington.
Como foi chegar aos 40?
Um amigo me disse que os 40 são o auge da potência. Tenho tudo: filho, marido, pai, mãe, irmão, sobrinho, amigos e trabalho. O efeito ruim é começar a sentir que a vida passa logo. Aos 20, você não percebe.
Você se cuida mais hoje?
Ah, não tem jeito. Uma mulher cuidada é mais bonita. Até meus 22 anos, eu não sabia se a base se passava antes do pó. Era nesse grau. Hoje, sei e-xa-ta-men-te o que vem antes do quê.
Como você se produz para sair de casa?
Faço escova e babyliss no cabelo. Senão, pareço uma Maria Maluca. Na emergência, dou um jeito na franja e deixo atrás arrepiado. Mas odeio me maquiar. Fora do trabalho, não uso nada.
Nem um rímel?
De jeito nenhum!
O que você veste no dia-a-dia?
Short e camiseta. No Rio de Janeiro, você não pode sair overdressed. Quanto menos roupa, melhor me sinto. A estilista Cris Barros faz peças excelentes para uma carioca, como este vestido que estou usando. São bonitas, leves e descompromissadas.
Você se considera elegante?
Tem dias que sim. Gosto de roupas bem cortadas. Adoro as peças da Gloria Coelho, que dá para vestir de noite e de dia, e sandálias de salto médio. Elas são uma alternativa ao tênis.
Você foi gordinha na adolescência. Sua magreza atual exige grandes sacrifícios? (Fernanda tem 55 quilos para 1,70 metro.)
Lutei muito para ser magra, minha querida. Fui infeliz fazendo regime. Não engordo mais porque me eduquei. Não como açúcar e jamais bebo refrigerante.
E a malhação?
Pratico ioga há sete anos, cinco vezes por semana, até duas horas por dia. Eu adoraria jogar vôlei ou futebol, mas sou péssima.
Você faria plástica?
Quero ser natural até quando der. Mas acho interessante aquela técnica que lixa o rosto (peeling). Você continua com a sua feição, mas ganha uma pele nova.
Colocaria silicone?
Se meu seio tivesse murchado depois que eu tive filho e aquilo virasse um problema para mim, colocaria, sim.
Como é amadurecer num meio profissional que exige beleza?
No cinema e na televisão, a questão da beleza é sempre muito dura. O teatro é mais legal porque o público vê o artista de longe.
Por que A Casa dos Budas Ditosos faz tanto sucesso?
O público se identifica. Eu também perdi a virgindade e tive grandes amores. O que a personagem viveu, todo mundo viveu, em intensidades diferentes. Só não sei direito por que aceitei interpretá-la. Não sou baiana, não tenho 68 anos e não sou especialmente sexy.
Você não se acha sexy?
Até me acho atraente, divertida. Mas não sou um símbolo sexual em que você pensaria para interpretar uma libertina. Vera Fischer faria bem para caramba.