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“A ausência de Marta na convenção me doeu”

Em entrevista publicada em 24 de outubro na VEJA SÃO PAULO, o candidato Fernando Haddad diz que a falta de Marta no encontro foi um dos piores dias de sua campanha  

Por Mauricio Xavier
Atualizado em 5 dez 2016, 16h41 - Publicado em 28 out 2012, 19h28

Leia entrevista com o prefeito eleito Fernando Haddad publicada na edição de 24 de outubro da VEJA SÃO PAULO

Qual é o grande orgulho de sua carreira política? O mais simbólico foi o ProUni. Pessoalmente, nem é a política pública que eu considero mais importante. Da minha passagem pelo Ministério da Educação, gostaria de ser lembrado no futuro pelo Plano de Desenvolvimento da Educação, porque é um conjunto de realizações. Mas o impacto e a repercussão do ProUni são muito maiores, e percebo isso na abordagem das pessoas, que vêm agradecer e dizer como a vida mudou após a oportunidade que receberam. Esse retorno estabeleceu uma espécie de “liga” entre o beneficiário e o gestor. Foi algo que ficou colado em mim, como uma identidade.

Em qual aspecto sua vice, Nádia Campeão, é melhor do que o senhor? As mulheres têm uma contribuição interessante para dar à política, elas sempre trazem um olhar diferenciado. Às vezes, apontam para um aspecto da questão que você não estava observando, e isso faz uma grande diferença na hora de formular um plano ou um programa.

Qual é a maior qualidade de José Serra? Obstinação.

Por que Celso Russomanno subiu tanto nas pesquisas de intenção de voto e por que caiu tão rapidamente? Ele cresceu numa faixa de vácuo que se abriu entre a rejeição à atual administração e o desconhecimento de alternativas a ela. Mas tem atributos pessoais, militou por uma causa considerada popular e era identificado como uma pessoa que lutava pelos direitos da população. Não tiro esses méritos. A queda veio com o debate político.

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Qual foi o pior dia da campanha até agora? Senti falta da presença da Marta Suplicy na convenção que oficializou a minha candidatura, em junho. A ausência dela me doeu. E o primeiro Datafolha a gente nunca esquece (rindo). Em março, a pesquisa do instituto mostrava que eu tinha apenas 3% das intenções de voto. Subir de 3% para 5% não parece muito, mas é uma diferença enorme para quem tem 3%, você não faz ideia.

Dos pedidos que recebeu na eleição, qual foi o mais inusitado? Tem gente que pede ajuda financeira. No domingo (14), durante uma carreata na Zona Norte, um homem se aproximou, explicou que estava desempregado e falou: “Quero uma carroça para coletar material reciclável”.

Que foto mais o constrangeu? Segui a recomendação do presidente Lula de evitar os fotógrafos de jornais (risos). Saí em algumas fotos fazendo careta ou com o rosto meio torto, mas não me lembro de nenhuma específica.

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Que palavra melhor define sua reação ao passar para o segundo turno: alívio ou desforra? Acho que alívio.

Em caso de vitória, de que forma pretende comemorar? Vou assistir à apuração, como fiz no primeiro turno, em uma sala reservada em algum lugar. Provavelmente será de novo no Hotel Pestana, na Vila Mariana. Apenas para ter um espaço onde as pessoas possam estar presentes.

Se não vencer, como será a primeira semana pós-eleição? Eu lido bem com essas coisas, não me preocupo muito. Vou me apresentar novamente na USP, minha obrigação profissional é voltar à universidade.

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Onde São Paulo é menos São Paulo, para o bem ou para o mal? Eu fico chocado com palafitas, essas casas construídas sobre córregos, muito comuns na periferia. Não consigo admitir que uma criança more dentro de um córrego, não dá.

Qual é sua cidade predileta no exterior? No fim da década de 80, morei um ano em Montreal, no Canadá, quando estava me preparando para escrever minha dissertação em economia. Por isso, tenho uma relação afetiva com a cidade.

Quando chorou pela última vez? Eu faço isso frequentemente, sou muito emotivo. Na entrevista após o primeiro turno, fiquei embargado. Não chegou a escorrer lágrima, mas tive de me conter. Um dia desses chorei copiosamente ouvindo o violonista Raphael Rabello e lendo uma nota biográfica sobre ele. Sua morte, em 1995, foi uma tragédia (o músico era portador do vírus HIV e morreu em decorrência de uma parada respiratória).

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