Grupo Silvio Santos resgata glamour com novo condomínio no Guarujá
Investimento do empresário e apresentador impulsiona o mercado imobiliário da antiga Pérola do Atlântico
Mesmo depois da caprichada reurbanização que o Guarujá sofreu no início da década, fruto de investimentos de 10 milhões de reais em novos calçadões, limpeza das praias e outras melhorias, ainda há quem torça o nariz diante da idéia de rumar para a ilha, chamada de Pérola do Atlântico em sua época áurea, lá pelos idos da década de 70. Nos vinte anos seguintes a cidade caiu em desgraça depois de um processo desordenado de crescimento. A julgar pelos números recentes da prefeitura, essa ala de céticos tende a minguar cada vez mais. Até o fim da temporada, mais de 4 milhões de visitantes terão circulado pelas 22 praias do balneário – ou seja, 25% mais gente que em 2004. Metade desses veranistas é paulistana. “E uns 10% das pessoas que vêm da capital integram a chamada classe AAA”, estima o secretário de Turismo do município, Valter Batista. Parte do crédito por esse retorno dos endinheirados – que haviam partido em revoada rumo ao Litoral Norte – é mérito do apresentador e empresário Silvio Santos. Pois é, o ídolo das “colegas de trabalho” colaborou para que os viajantes de carteiras recheadas voltassem a dar as caras.
Em dezembro de 2006, a Sisan, tentáculo imobiliário do Grupo Silvio Santos, inaugurou o complexo Jequitimar, que mudou a cara da Praia de Pernambuco. Resultado de um investimento de 150 milhões de reais, o projeto inclui o cinco-estrelas Sofitel (também chamado carinhosamente de “o hotel do seu Silvio”), um condomínio com 36 casas de alto padrão, além de um centro comercial a céu aberto com 41 lojas. O lançamento teve todo o estardalhaço possível – dava até para cruzar com figuras do SBT como Hebe Camargo, Gugu Liberato e afins pelo pedaço – e o shopping virou um point por onde circulam semanalmente quase 10 000 pessoas. Parte delas, como a dentista paulistana Carla Nardi, chega atraída pela presença de seguranças e pelas câmeras de vigilância. “Aqui, não sinto medo de assalto”, diz ela, que antes passava os fins de semana trancada na casa do namorado, no badalado condomínio Iporanga, outro reduto da freguesia bacana que, aos poucos, regressa à cidade. Ali, há casas avaliadas em invejáveis 15 milhões de reais. “Só tenho cliente rico”, gaba-se, em tom de comemoração, o comerciante Carlos Alberto Reis, dono de uma tabacaria e mais quatro lojas no shopping do Jequitimar. Ele está certo em festejar. Segundo a prefeitura do Guarujá, o paulistano caixa-alta gasta por dia na cidade um valor equivalente ao dos turistas estrangeiros: 200 dólares (cerca de 400 reais), enquanto a média dos demais visitantes é de 100 reais diários.
Já se percebem reflexos no mercado imobiliário, especialmente nos arredores do Jequitimar. “Os preços subiram cerca de 30%”, afirma o corretor Alex Kühne. Ou seja, uma casa de 500 metros quadrados, em frente ao mar, saltou de 3,8 milhões de reais para algo em torno de 5 milhões. Outros empreendimentos começam a pipocar pela ilha. É o caso do Pantai Península, condomínio que ocupará 11 000 metros quadrados na Enseada, cujas obras têm início previsto para julho deste ano. Outros pontos se valorizam por motivos diferentes, como a reurbanização e o aumento da segurança. Na praia de Astúrias, um apartamento de 270 metros quadrados de área útil, com vista para o mar, custa 860 000 reais. “E sabe do melhor? Os clientes fecham negócio rapidinho”, conta Kühne.