Primeiro hospital veterinário público já tem lotação máxima
Serviço prevê segunda unidade ainda esse ano, com verba de 10 milhões de reais
Todos os dias da semana, por volta das 5 horas, dezenas de pessoas começam a formar uma fila curiosa na porta de um prédio de dois andares no Tatuapé, na Zona Leste. Elas aguardam a abertura do local segurando no colo cães e gatos doentes. Tem sido assim desde o mês passado, quando foi inaugurada por ali a primeira clínica veterinária pública da cidade. O “SUS” dos pets atende das 7 às 19 horas e já sofre um problema bem conhecido dos hospitais municipais: recebe uma demanda acima de sua capacidade de operação.
+ Paulistanos contratam babá de cachorro
Daí a necessidade de madrugar na porta para garantir o atendimento. Na última quarta (8), uma das pessoas que aguardavam era a desempregada Cibele Crepaldi, acompanhada da cadela Vivi, de 14 anos. “Ela tem um câncer de mama e não posso pagar a operação”, contou. “Por isso, cheguei cedo para tentar salvá-la.”
O lugar é mantido por uma verba mensal de 600.000 reais da prefeitura. Com uma equipe de 22 veterinários, tem capacidade para atender trinta animais por dia (somente cães e gatos). São feitos por lá desde exames mais simples, como radiografias, até cirurgias oncológicas, procedimento cujo preço chega facilmente à casa dos 2.000 reais num serviço particular.
Entre os pacientes, há casos como o da vira-lata Minie, que ficou com uma fratura exposta na pata depois de um atropelamento. No início de julho, ela acabou operada por uma equipe de quatro profissionais. “Mantemos contato com a dona até hoje e as notícias são ótimas: a cadela está bem e voltou a andar”, diz Renato Tartalia, diretor administrativo da unidade. Veterinário especializado em odontologia, ele também faz cirurgias, quando necessário.
+ Entidades que oferecem animais para adoção
+ Mistérios da Cidade: Conheça a Dog Beer, uma cerveja feita para cachorros
O endereço abriu as portas sem estar 100% pronto. Na semana passada, um pedreiro realizava ajustes na entrada e algumas salas ainda não haviam sido postas em funcionamento. Mesmo assim, já há planos de expansão. “Queremos inaugurar nos próximos meses uma segunda unidade, a poucos metros daqui.”
A novidade tomou forma quando a Câmara aprovou uma emenda de 10 milhões de reais apresentada pelo vereador Roberto Tripoli (PV) para tirar o projeto do papel. “Era uma antiga reivindicação dos movimentos ligados à proteção dos animais”, afirma ele.
No primeiro ano de atividades, serão gastos 7,2 milhões de reais desse total. A assinatura de um convênio permitiu entregar a operação do negócio à Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo. Uma estratégia para garantir a eficácia do serviço é a rigorosa triagem na recepção. “Faço perguntas sobre moradia, salário e meio de locomoção e, se desconfio de algo, solicito uma visita domiciliar”, conta a assistente social Cristiane de Sousa, que atua para que sejam atendidos apenas paulistanos de baixa renda. “Rejeito cerca de três pessoas por dia”, completa ela.
Altos e baixos do serviço
Motivos para abanar o rabinho
■ Triagem: para evitar que o lugar seja utilizado por pessoas que têm condições de pagar, os interessados são submetidos a uma entrevista com uma assistente social.
■ Internação: com capacidade para catorze animais, conta com a presença de uma veterinária 24 horas por dia.
■ Odonto: o diretor administrativo da unidade, Renato Tartalia, realiza, gratuitamente, complexas cirurgias nessa área.
Motivos para rosnar
■ Especialidades: oftalmologia e endocrinologia são alguns dos ramos da veterinária que ainda não são oferecidos no endereço.
■ Doenças infectocontagiosas: não existe um espaço reservado para animais atingidos por esse tipo de enfermidade.
■ Espécies: o hospital foca apenas cães e gatos,deixando de lado outros pets, como tartarugas.