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Turma do lixo zero: os paulistanos que se esforçam para reduzir resíduos

Em uma cidade que produz 20 000 toneladas de sujeira por dia, alguns moradores diminuem seu impacto com medidas simples no dia a dia

Por Pedro Carvalho
Atualizado em 17 Maio 2019, 06h00 - Publicado em 17 Maio 2019, 06h00
Marcelo e Gabriele, da Estilo de Aprender: cisterna que armazena água de chuva (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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É uma história de Davi contra Golias. De um lado, estão alguns paulistanos que reinventam suas casas e negócios para minimizar de maneira radical o lixo que produzem. Eles fabricam os próprios cosméticos e itens de limpeza doméstica, não consomem alimentos embalados em plástico, instalam composteiras em apartamentos para transformar restos de comida em adubo. A filosofia que une esse pequeno grupo de pessoas está ancorada em um movimento internacional que defende a ideia de uma vida “lixo zero”. Eliminar totalmente o próprio descarte é uma missão quase impossível, mas chegar milimetricamente perto desse objetivo, não. “Não é preciso abrir mão de todo o consumo, apenas comprometer-se com um estilo de vida sustentável, criar algumas metas para reduzir seus descartes e passar a cumpri-las”, diz Flavia Cunha, embaixadora do Movimento Lixo Zero em São Paulo. A iniciativa promoverá um encontro sobre o tema na capital no próximo dia 28, no qual espera reunir 2 000 pessoas.

Do outro lado desse ringue, o adversário é colossal. Na média, o paulistano é arrojadíssimo na hora de produzir lixo, mas um verdadeiro pateta para reciclá-lo. A cada dia, são descartadas 12 000 toneladas de resíduos nas lixeiras das casas. Se somarmos a isso o que é varrido das ruas, os resíduos de hospitais, as sobras das feiras livres e assim por diante, a cidade atingirá um vergonhoso total de 20 000 toneladas diárias. São quase três Titanics de porcaria por semana. Esse monumental subproduto da nossa rotina, segundo estimativas da prefeitura, tem 35% do volume composto de materiais que poderiam ser reciclados e não são. Aquilo que nós, de fato, reciclamos — de maneira oficial, ou seja, por meio dos caminhões de coleta seletiva — soma 250 toneladas por dia. É o equivalente a 2% do nosso lixo residencial. No Reino Unido, o índice chega a 47%. As explicações para esse pífio indicador paulistano começam pelo fato de que essa frota percorre apenas 70% das ruas da capital. Quase um terço dos moradores não é atendido pelo sistema, que custa 15 milhões de reais por mês aos cofres públicos. Nossas desculpas também poderiam incluir um embaraçoso mal-entendido sobre a forma como nosso lixo é apanhado. “Muitas pessoas levam o saco de recicláveis para a rua junto com o lixo comum. Desse jeito, os dois são pegos pelo mesmo caminhão e nada é reaproveitado”, diz Edson Tomaz de Lima Filho, presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana, a autarquia paulistana do lixo.

A boa notícia é que várias iniciativas promissoras começam a surgir para combater a falta de informação. Há quatro meses, as empresas que fazem a coleta de lixo lançaram o Recicla Sampa, uma ação que criou um site no qual a pessoa digita seu CEP e descobre o horário do caminhão da reciclagem. A prefeitura também tem construído uma série de pátios de compostagem pela cidade, onde os restos das feiras e das podas de árvore são transformados em adubo. Já há cinco, e o plano é chegar a dezessete até o ano que vem. Outro programa ambicioso quer espalhar milhares de novos pontos de entrega de recicláveis pela metrópole. Em janeiro, um projeto piloto contou com a instalação de oitenta contêineres em Parelheiros. Em apenas um mês, os moradores da região depositaram 6 toneladas de material nesses compartimentos. O objetivo da prefeitura é distribuir 4 000 deles pela cidade. Por fim, os vereadores aprovaram em abril um projeto de lei que proíbe os comércios da capital de fornecer canudos plásticos aos clientes. O texto aguarda a sanção ou o veto do prefeito.

Enquanto o poder público dá passos para minimizar o problema — talvez pressionado pelo fato de que o aterro sanitário de São Mateus, na Zona Leste, para onde vai metade do nosso lixo, tem só mais uma década de vida útil —, os quixotescos paulistanos do lixo zero nos mostram pequenas soluções que poderiam ser replicadas no dia a dia. Na esteira do movimento, negócios pioneiros surgem para vender os itens pessoais necessários a essa rotina. Restaurantes, lanchonetes e escolas reformulam seus sistemas de fornecimento e descarte para reduzir suas pegadas de carbono. E assim a onda limpa se espalha. Nas próximas páginas, algumas das boas práticas que vêm sendo adotadas por aqui.

Livia Humaire
Lívia, na loja Mapeei, na Rua Augusta: 540 produtos livres de plástico (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Uma loja para deixar de poluir

Em setembro, a geógrafa Lívia Humaire inaugurou a primeira loja do país direcionada a pessoas que querem deixar de usar plástico. A Mapeei é um espaço de 6 metros quadrados em uma galeria da Rua Augusta, perto da Avenida Paulista. Ali são vendidos 540 produtos, como canudos e copos reutilizáveis, utensílios para montar um banheiro livre de plástico ou cosméticos que dispensam embalagem. Seis meses após abrir as portas, o negócio se mostra um sucesso. As vendas aumentam mês a mês e a empresária faz planos para alugar o imóvel vizinho e dobrar de tamanho. “Os clientes são pessoas interessadas em levar uma vida lixo zero, eles fazem perguntas sobre a origem dos produtos e pedem dicas para mudar os hábitos de consumo”, conta.

Os itens nas prateleiras são fabricados por oitenta fornecedores espalhados pelo país, que Lívia encontrou ao longo dos últimos anos, conforme fazia pesquisas para transformar sua casa em um lugar livre de plástico. Desde 2015 ela manufatura os próprios produtos de limpeza e higiene, além de ter montado uma composteira doméstica para reaproveitar o lixo orgânico. “Esse estilo de vida despertou minha vontade de atuar em algo voltado à causa”, diz, enquanto mostra um pote de vidro onde reuniu todo o lixo não reaproveitável que gerou durante o último ano. Apesar da numerosa clientela, Lívia acredita que o principal impacto da loja aconteça na cadeia de fornecedores, que teve de ajustar seus processos para chegar às prateleiras.

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Hoje, todos os produtos precisam utilizar uma logística que dispense o plástico. As caixas de papelão são transformadas em etiquetas de preço ou doadas a cooperativas por meio do aplicativo Cataki, um “Uber dos catadores”. Nem mesmo as máquinas de cartão usam bobinas de papel — os comprovantes são enviados de forma eletrônica aos clientes. “As pessoas acham que separar o lixo é suficiente, mas só reciclar não vai salvar o planeta.”

Leandro Toledano
Toledano, da Primata Burger: dois biodigestores de lixo orgânico nos fundos da casa (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Um fogão movido a lixo

“Isso aqui, para mim, é grana”, diz Leandro Toledano, enquanto aponta os restos de alface e batata frita na lixeira de sua lanchonete, a Primata Wings & Burger, no bairro de Pinheiros. Inaugurado há dois anos, o negócio adotou uma série de atitudes para reduzir sua geração de resíduos, como abrir mão de copos e canudos descartáveis. Mas o xodó do estabelecimento está instalado no quintal, na parte dos fundos da casa. À primeira vista, parecem duas barracas de acampamento. São, na verdade, sofisticados biodigestores de lixo orgânico.

Cada equipamento recebe 12 litros de restos de comida por dia — vale qualquer coisa, até ossos de frango. Esse descarte é digerido por bactérias especializadas e transformado em 700 litros de gás metano, usados para abastecer a chama dos fogões nos quais os hambúrgueres são preparados. É algo similar ao que fazia o DeLorean, o carro do filme De Volta para o Futuro, que convertia lixo em combustível para o motor. “Deixamos de enviar 2 toneladas de resíduos aos aterros por ano, e o metano nos traz uma economia de 220 reais por mês em energia.” Além de biocombustível, esse ciclo diário produz 24 litros de um fertilizante líquido, que é aplicado na horta do restaurante e doado a clientes.

Animado com os resultados, Toledano tornou-se o representante exclusivo desses biodigestores no Brasil — a tecnologia surgiu em Israel, dez anos atrás. Nos últimos meses, ele instalou mais de setenta equipamentos pelo país. No mundo, são mais de 10 000 em funcionamento. Um dos projetos, em fase de conclusão, vai transformar restos de lanches de uma escola na Zona Sul de São Paulo em água aquecida para o chuveiro dos alunos. Em casa, o empresário busca transmitir aos filhos, de 8 e 11 anos, a cultura lixo zero. Dia desses, levou os pequenos e mais seis amigos para conhecer uma cooperativa de recicladores na Zona Norte. “No restaurante, temos recebido visitas de alunos de escolas interessados em fazer projetos de ciências. A nova geração terá outro nível de engajamento.”

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Vanessa Santilli
Vanessa, no Mercado Granel: 200 tipos de produto vendidos por peso em potes (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Mercados contra os plásticos

Conforme alguns paulistanos começam a buscar uma vida lixo zero, bons negócios prosperam na esteira dessa filosofia. É o caso dos pequenos mercados a granel, onde quase tudo é vendido sem embalagens plásticas. Os donos desses comércios atestam que eles se tornaram uma tendência na capital — embora a Associação Paulista de Supermercados não tenha dados específicos sobre o setor. Em novembro de 2017, Vanessa Santilli virou sócia de um estabelecimento do tipo na Vila Leopoldina. O Mercado Granel oferece mais de 200 tipos de produto acondicionados em potes e vendidos por peso — das tradicionais castanhas a chás, farinhas, macarrão, arroz e feijão. “Muitos concorrentes abriram as portas na região nesse último ano. Moro na Vila Romana, e ao lado da minha casa surgiram três”, ela conta.

Apesar de ter sentido a crise ao longo do ano passado, Vanessa afirma que a tendência é de alta nas vendas. A maior parte dos clientes ainda é atraída pelos produtos que proporcionam uma alimentação mais saudável — e não propriamente pela questão do lixo. Mas essa realidade parece estar mudando. “Quando comecei a trabalhar aqui, um ano e meio atrás, ninguém falava sobre embalagens. Agora, muitos clientes trazem os próprios potes de vidro ou sacos de pano para levar as compras”, conta a atendente Amanda Oliveira. O mercado não conseguiu abrir mão dos saquinhos plásticos para embalar os produtos comprados — essa opção ainda é a escolha da maioria dos frequentadores, e aboli-la significaria perder muitas vendas. Mas, na última década, surgiu na Europa uma série de comércios parecidos que não admitem nenhum tipo de embalagem plástica — como o Original Unverpackt (Berlim), o Unpackaged (Londres), o Maria Granel (Lisboa) e o Biocoop21 (Paris). “É uma coisa que está apenas começando no Brasil, mas sem dúvida vai crescer”, aposta Vanessa.

Chef Cesar da Costa
O chef Costa, do Corrutela: 4,1 toneladas de gás carbônico a menos na atmosfera desde a inauguração (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Alta gastronomia (quase) sem descartes

Pouquíssimos restaurantes no mundo podem ser classificados como lixo zero. “Acredito que existam cinco ou seis que reduziram seu descarte em mais de 90%”, diz o chef Douglas McMaster, fundador do inglês Silo, o único entre esses estabelecimentos a funcionar sem jogar fora um saco de lixo sequer. O Corrutela, inaugurado um ano atrás na Vila Madalena, é um deles. Além disso, sua culinária autoral, quase totalmente baseada em plantas, recebeu quatro estrelas na avaliação de VEJA SÃO PAULO. “Entre as raras cozinhas lixo zero do mundo, ela é a minha preferida”, afirma McMaster, que esteve no Brasil em abril.

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Antes de abrir o Corrutela, o piracicabano Cesar Costa rodou o país durante dois anos para encontrar fornecedores que reduzissem a pegada de carbono do restaurante. Também instalou painéis de energia solar e uma composteira no local. No dia a dia, o chef criou uma série de processos para minimizar os descartes. As ações vão desde reaproveitar as garrafas de vinho para servir água aos clientes até fabricar matérias-primas no próprio estabelecimento, como chocolate, manteiga e farinha. “Tudo isso diminui nossos custos. Somente em coleta privada que deixamos de contratar, poupamos cerca de 3 500 reais por mês”, ele conta. “Essa economia nos permite trabalhar apenas com alimentos orgânicos ou de pequenos produtores locais, sem que o preço das refeições fique tão alto”, afirma. “Nossa ideia é ter a sustentabilidade como modelo de negócios.” Para celebrar um ano de atividade, completado neste mês, Costa preparou um relatório de impacto ambiental do restaurante. Ele revelou que o Corrutela deixou de emitir 4,1 toneladas de gás carbônico na atmosfera ao longo dos últimos onze meses. “Imagine se todos os comércios do bairro fizessem o mesmo. Agora faça essa conta considerando um prazo de dez ou quinze anos”, diz o chef.

Teodoro Bava
Bava, do Reload: xampus de 60 reais em garrafas recuperadas das lixeiras (Antonio Milena/Veja SP)

Luxo dentro do lixo

Em dezembro, a marca paulistana de cosméticos Reload Beleza Positiva — que andava em modo hibernação — voltou aos negócios com uma proposta inovadora: vender xampus e condicionadores de alto padrão dentro de garrafinhas plásticas encontradas no lixo. “É algo realmente pioneiro, ninguém no mundo faz isso”, afirma Teodoro Bava, o sócio que toca a empresa. Coletar e limpar essas embalagens custa, em média, três vezes mais do que comprar uma nova. Mas evita que mais garrafinhas ingressem no ciclo do lixo — elas levam pelo menos 150 anos para se decompor na natureza e, no Brasil, são pouco recicladas.

Nesses primeiros quatro meses, os cosméticos foram vendidos só pela internet. “Já tivemos centenas de clientes, 70% deles em São Paulo, o que é muito acima das nossas expectativas para esse período de testes”, conta Bava. No segundo semestre, eles devem chegar às redes Mundo Verde e Pão de Açúcar. Posicionados em uma faixa de preço salgada (60 reais o xampu e 70 reais o condicionador), vão dividir as prateleiras com embalagens mais atrativas, o que promete ser um desafio. “Nosso maior diferencial é também nossa maior barreira. Não é fácil convencer as pessoas a pagar caro por algo que vem dentro de uma garrafa descartada”, ele diz. As gôndolas da Reload terão compartimentos para os clientes depositarem embalagens de produtos usados da marca, o que dará um desconto de até 30% em uma nova compra.

A empresa funciona de forma provisória em um escritório no bairro dos Jardins, mas vai se mudar para um coworking em breve. Apoiada por investidores como a atriz Maitê Proença, a Reload tem planos para voos mais altos nos próximos anos. “Nosso sonho é levar a iniciativa para fora do país. Queremos um dia vender na Whole Foods”, acredita Bava, referindo-se à varejista americana referência em orgânicos. Os produtos da marca, além de reduzirem o lixo, são veganos — não usam ingredientes de origem animal, nem são testados em bichos. “Nosso negócio é sustentável, quanto mais crescer, mais impacto positivo vai gerar no mundo”, ele afirma.

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Marcelo e Gabriele da Cunha Bueno
Marcelo e Gabriele, da Estilo de Aprender: cisterna que armazena água de chuva (Alexandre Battibugli/Veja SP)

A lição que mudou uma escola

Dois anos atrás, o casal Marcelo e Gabriele Cunha Bueno começou a fazer um projeto lixo zero em casa. A ideia era dar um exemplo positivo ao filho Enrique, de 8 anos. Eles partiram da ponta mais visível do problema: o descarte dos resíduos. Primeiro, passaram a separar os materiais recicláveis. Depois, criaram uma composteira na varanda do apartamento de 90 metros quadrados, na Pompeia, para transformar os restos de alimento em adubo orgânico. A verdadeira revolução, porém, aconteceu quando a família decidiu dar atenção ao outro extremo do caminho do lixo: o consumo doméstico.

De lá para cá, Marcelo e Gabriele deixaram de comprar qualquer coisa que venha em embalagem. Os alimentos agora são adquiridos em mercados a granel e levados para casa em saquinhos feitos de trapos de roupas velhas. Itens como xampu e sabonete, só em barra. Eles também aprenderam a fabricar os próprios produtos de limpeza, do sabão em pó ao limpa-vidros. “Em quinze minutos fazemos um volume que dura o mês inteiro. Eles têm a mesma eficácia que os produtos vendidos nos mercados”, afirma Marcelo. Quando vai a um restaurante ou pega um avião, a família carrega sempre um kit com copo e canudo reutilizáveis, guardanapo de pano e talheres que possam ser lavados.

Com tantos cuidados, eles ainda geram algum lixo inevitável? “Só papel higiênico”, ele diz, “mas não o jogamos fora em sacos plásticos, e sim em recipientes de papel feitos em casa.” As práticas sustentáveis foram replicadas na escola que o casal fundou na Lapa, chamada Estilo de Aprender, onde estudam 300 crianças entre 1 e 11 anos. Ali eles construíram hortas, composteiras, tetos verdes e cisternas que armazenam até 90 000 litros de água da chuva. Também reduziram o consumo de matérias-primas. Em pouco tempo, a filosofia começou a ecoar pela comunidade ao redor. Os fornecedores de alimentos e produtos de limpeza do colégio foram incentivados a se livrar das embalagens. “Ao se adaptarem, eles ganharam novos clientes preocupados com o meio ambiente”, diz Marcelo. As famílias dos alunos também passaram a abraçar a causa. “Começamos a encontrálos nos mercados a granel”, diz Gabriele. “Não queremos ser ‘ecochatos’, mas, quando você cria consciência, o processo acontece naturalmente”, acredita.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 22 de maio de 2019, edição nº 2635.

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