Mainardi diz que Prevent Senior tentou ocultar morte do pai por Covid
A empresa diz que nunca escondeu ou subnotificou óbitos
O jornalista Diogo Marnardi acusou a operadora de saúde Prevent Senior de tentar ocultar a morte de seu pai, o publicitário, jornalista e escritor Enio Mainardi, por complicações da Covid-19. Em coluna publicada na última sexta-feira (24) na revista Crusoé, Mainardi comparou o caso de seu pai, que morreu em agosto de 2020, com os de Anthony Wang e Regina Hang. Esses casos foram revelados pela GloboNews em documentos obtidos pela CPI da Covid, que investiga ações do governo federal no combate à pandemia, que apontaram alterações ilegais em prontuários de hospitais da rede.
A Prevent Senior omitiu no atestado de óbito que a causa das mortes do médico Anthony Wong, em 15 de janeiro deste ano, e de Regina Hang, mãe do empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da Havan, que morreu em 4 de fevereiro, foram em decorrência da Covid-19.
“Assim como meu pai, eles morreram de Covid. Assim como meu pai, eles estavam internados no hospital Sancta Maggiore. Assim como meu pai, houve a tentativa de ocultar as causas de suas mortes”, escreveu Mainardi.
Diogo Mainardi afirmou que não falou sobre o assunto antes porque queria evitar que o nome de seu pai “fosse novamente conspurcado pelos bolsonaristas, que o usaram para acobertar seus crimes”. Segundo ele, a médica Nise Yamaguchi, também investigada pela CPI da Covid por possivelmente integrar um suposto gabinete paralelo no Palácio do Planalto para manejo da pandemia, esteve envolvida na tentativa de mascarar a morte de seu pai no hospital da Prevent Senior e, na época, espalhou informações falsas sobre Enio nas redes sociais.
“Quando anunciei sua morte, os bolsonaristas abarrotaram as redes sociais com mentiras, negando que ele houvesse morrido de Covid. Nise Yamaguchi, a principal animadora do gabinete paralelo do Ministério da Saúde, encarregou-se pessoalmente de espalhar falsidades sobre ele em grupos de WhatsApp”, afirma Mainardi.
O jornalista ainda defendeu as investigações da Covid contra a Prevent Senior e pediu punições à operadora de saúde. “É preciso intervir judicialmente na Prevent Senior, afastando sua diretoria. É claro, porém, que essas duas fraudes refletem algo ainda mais pavoroso: a perversão assassina que acometeu o Brasil durante a epidemia, em que a insanidade bolsonarista foi manobrada por um bando de quadrilheiros, a fim de ocultar 600 mil mortes na vala comum da idiotice e da barbárie. O dever de todos aqueles que, como eu, perderam seus afetos para o vírus é revirar seus cadáveres e trancar os criminosos na cadeia”.
A Prevent Senior não respondeu às perguntas da imprensa a respeito dos três casos, dizendo que, por limitações éticas e legais, não pode fornecer ou confirmar informações de pacientes e de seus parentes. A operadora “reafirma nunca ter escondido ou subnotificado óbitos”, afirma em nota.
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