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Marco Antonio Villa: “O peso das propostas será nulo na eleição”

Para o historiador, a campanha deve ser pautada por disputas superficiais, sem chances para o debate real dos problemas da cidade

Por Daniel Bergamasco
Atualizado em 5 dez 2016, 16h56 - Publicado em 25 ago 2012, 00h51

VEJA SÃO PAULO — O que deve ser decisivo na corrida eleitoral?
Marco Antonio Villa—
As propostas não têm praticamente nenhum efeito para o eleitorado, que se guia mais pelo faro sobre o perfil do candidato. O debate é muito pobre e as ideias não precisam ser muito explicadas. Os candidatos não têm vida própria, são bonequinhos canastrões desenhados pelos marqueteiros, que vão à TV cumprir o mesmo roteiro de sempre. Quem vota não está preocupado com denúncias de corrupção e qualidade. Basta observar que sempre reelegemos a maioria dos vereadores, apesar de a nossa Câmara ser um horror. Toma-se o eleitor como coitadinho. Não concordo: ele é responsável por isso, pois tem liberdade de escolha, mas lhe falta interesse em votar direito.

+ Até onde vai o fôlego de Russomanno

VEJA SÃO PAULO — No contexto em que a TV pesa tanto, Russomanno, com um quarto do tempo de Haddad ou Serra, tende a ficar para trás?
Marco Antonio Villa —
Se ele fosse um nanico, com menos de um minuto no programa eleitoral, eu diria que sim. De fato, os dois minutos e onze segundos tornam a vida dele difícil, mas nesse tempo dá para consolidar o recado, pois sua imagem está mais ou menos construída pelo trabalho na televisão. Se a intenção de voto cresceu depois que a campanha começou na rua, é porque tem conseguido convencer uma boa parcela do eleitorado de seu perfil justiceiro. Por outro lado, o marketing dos concorrentes é muito mais forte. Deverá ser uma disputa voto a voto.

VEJA SÃO PAULO — Por que, mesmo sem o apoio de Paulo Maluf, ele vai bem nas searas malufistas?
Marco Antonio Villa —
Não é uma questão de apadrinhamento. Além de ter o mesmo perfil conservador, Russomanno leva a imagem do homem que pode se sobrepor às instituições para conseguir resultados rápidos. Marta Suplicy também era um pouco assim e herdou votos de Maluf, algo que não tinha absolutamente nada a ver com ideologia, mas com esse personagem.

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