Menor bebê nascido no SUS se adapta à vida em casa
Emanuelly Yasmin nasceu com apenas 335 gramas, no Hospital Vila Santa Catarina, na Zona Sul da capital
Após duas tentativas frustradas de ter um bebê, Camila Silva, 26, estava preocupada. No início de novembro, 25ª semana de gravidez, ela soube que precisaria esperar até janeiro para fazer o ultrassom seguinte — era a data mais próxima disponível na UBS Laranjeiras, perto de onde morava, na Zona Sul de São Paulo. Desconfiada, seguiu para uma unidade de alta complexidade do SUS, em Santo Amaro.
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“Se tivesse aguardado o exame, teria perdido minha filha”, diz. O feto estava sob sério risco, com peso abaixo do esperado, quase sem nutrição placentária e em pré-eclâmpsia, início de uma doença que está entre as principais causas de morte materna na gestação. Encaminhada para o hospital municipal Vila Santa Catarina, Camila deu à luz, em 18 de novembro, o menor bebê nascido com sucesso no sistema público de saúde do país: a pequena Emanuelly Yasmin, de apenas 335 gramas — ou 10% do peso médio de um recém-nascido. Manu, como a mãe gosta de chamá-la, precisou dos cuidados do hospital — gerido por uma parceria com o Albert Einstein — até 14 de abril.
No início, os médicos optaram por alimentá-la com leite materno, por meio de uma sonda. A escolha, porém, fez o bebê contrair citomegalovírus, uma doença razoavelmente comum, mas agravada pelo tamanho reduzido do pulmão da paciente. “Fiquei em choque. Ela teve de ficar em isolamento total”, lembra Camila. Superado o susto, a equipe substituiu o alimento natural por uma fórmula industrializada.
Desde a alta, Manu mora na casa da avó materna, no bairro de Pedreira, na Zona Sul — a casa do pai, o sushiman Luiz Fernando, 28, ainda precisa de reparos em uma telha que provoca vazamento. “Foi uma tensão (a mudança). Tudo para mim era novo: dar banho, amamentar…”, conta Camila, que antes fazia compras para usuários de aplicativo em mercados.
Mas, com exceção de um catéter de oxigênio e alguns remédios e vitaminas, a pequena exibe perfeita saúde. “Ela se desenvolve como uma criança normal: presta atenção a tudo, dá risada, surpreende a cada dia. A diferença é que, em vez de seis meses de vida, é como se tivesse dois”, diz Camila. “Finalmente pude exercer o papel de mãe. E não tem coisa melhor”, conclui.
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Publicado em VEJA São Paulo de 17 de maio de 2023, edição nº 2841