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Mostra no MAM aposta que há arte brasileira no mundo globalizado

Panorama da Arte Brasileira chega à 30ª edição como uma das principais vitrines da produção contemporânea

Por Gisele Kato
Atualizado em 5 dez 2016, 19h25 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Com uma história de regularidade rara entre iniciativas culturais, o Panorama da Arte Brasileira chega à 30ª edição como uma das principais vitrines da produção contemporânea. No sábado (20), o MAM abre as portas com 37 obras de 29 artistas que podem ser vistas como um resumo do que de mais significativo se tem criado nos últimos anos. Listas assim são sempre polêmicas. Mas a exposição, idealizada em 1969 e organizada a cada dois anos desde 1993, vem conseguindo driblar os altos e baixos que atrapalham grandes mostras do gênero. Com o tema Contraditório, a coletiva deste ano anuncia-se como um espelho das condições de vida no Brasil. Ou seja, há boas chances de o público paulistano sentir-se bem à vontade pelos corredores do museu.

Se muitos críticos alegam que já não faz sentido falar em arte nacional em um mundo globalizado, o curador Moacir dos Anjos garante que a geração atual de artistas plásticos continua criando uma produção com características regionais. “Há um sotaque comum às obras”, afirma ele, um estudioso das marcas de identidade em um cenário cada vez mais uniforme. “Os artistas inspiram-se na forma como lidamos com as dificuldades.” Para Anjos, a arte atual tece comentários ora ácidos, ora bem-humorados sobre o que se costuma chamar aqui de jeitinho brasileiro. “A gambiarra é quase uma imposição”, diz. “Estamos sempre patinando, recomeçando. Vivemos afogados em frustração.”

Não à toa, um certo tom de melancolia permeia a mostra. Entre os artistas selecionados está, por exemplo, a mineira Cinthia Marcelle. Seu vídeo traz um carro de bombeiros andando em círculos por um terreno baldio. Como se não bastasse a rota a lugar nenhum, o caminhão ainda jorra água sem parar, formando uma poça de desperdício. No mesmo espírito, Laura Lima coloca no MAM uma pessoa vestida de palhaço. Imóvel na maior parte do tempo, ele vai se passar por um boneco. De tempos em tempos, mostra-se vivo. A idéia é despertar nos visitantes uma relação de identificação. Afinal, quem já não se sentiu assim no Brasil de hoje?

PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA. MAM. Parque do Ibirapuera, portão 3, tel: 5085-1300. Terça a domingo e feriados, 10h às 18h. R$ 5,50. Grátis aos domingos. Até 6 de janeiro de 2008. A partir de sábado (20), 11h.

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