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Nós na fita

Por Ivan Angelo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h45 - Publicado em 18 set 2009, 20h18

Acho graça nos rankings mundiais, acompanho os do Brasil.

Leio em alguma parte que o brasileiro é o terceiro colocado entre os maiores consumidores de produtos de beleza. Famílias de renda baixa gastam mais com xampus, cremes, esmaltes e batons do que com arroz e feijão. Uma revista me informa que estamos no segundo lugar em cirurgia plástica e segundo também na aplicação de botox. São 800 000 intervenções por ano! A revista acrescenta que a entrada dos homens nos dois mercados ajudou a elevar a posição do Brasil. Bravo, rapazes! O país espera que cada um cumpra o seu dever! Allons enfants!

Falando sério. Há na alma dessas estatísticas uma busca de bem-estar. Ia dizer felicidade, mas colocar a felicidade na dependência de um detalhe físico seria exagero. A infelicidade, sim, pode se alimentar de orelhas de abano, mas um nariz afilado não faz uma pessoa feliz.

Felicidade… Uma pesquisa de 2006, coordenada por um psicólogo inglês da Universidade de Leicester, coloca o Brasil em 81º lugar no ranking mundial da felicidade. Ganhou a Dinamarca, colada com a Suíça e a Áustria. Saúde, riqueza e educação pesaram no resultado, com dados da Unesco, da Organização Mundial de Saúde e até da CIA. Será? Se todos tivessem diploma, saldo no banco e hemograma perfeito seriam felizes? Por que então a Suécia já foi campeã mundial de suicídios? O brasileiro fez do ditado “O dinheiro não traz felicidade” mais do que um consolo: uma bandeira.

Deve haver algum equívoco na enquete, pois esta outra, feita um ano antes, pelo instituto inglês de pesquisas de mercado GfK NOP, diz que o brasileiro é o nono povo mais feliz do planeta, atrás de australianos, americanos, indianos, egípcios, britânicos… De nono para 81º? Vai entender…

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Terá sido a busca da felicidade ou de compensações que fez do Brasil o segundo país onde mais se pratica sexo? É o que aponta o levantamento internacional da Durex, empresa européia de preservativos, feito em 26 países, ouvindo 26 000 pessoas, divulgado em abril de 2007. A Grécia é campeã, com a média de 164 relações anuais; o Brasil é vice, com 145. Mas no item satisfação o brasileiro fica em 14º lugar. Sinal de que não é só o dinheiro que não traz felicidade.

Somos também o segundo país na idade em que a busca dessa felicidade começa, abaixo apenas da Áustria; de acordo com o mesmo levantamento, a primeira relação de meninos e meninas acontece aos 17,4 anos. Acreditava-se que fosse mais cedo. Teriam entrevistado as pessoas certas? O interior contrabalançou?

Um ranking em que somos pentacampeões é o da reciclagem de latinhas de bebida – que na verdade são de alumínio, e não de lata. Não importa que a liderança nasça da pobreza, ela ajuda a limpar o planeta. Outro título ecológico: o primeiro do mundo no uso de energia renovável, 44,4% da oferta.

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Somos pentacampeões no futebol, mas não lideramos o ranking atual da Fifa. Todo mês sai uma lista nova; na de setembro estávamos atrás da Itália e da Argentina. Pouco adiantou vencermos os EUA e o México no mês passado, porque amistosos pesam menos na pontuação. Em compensação, parece impossível tirar de Pelé e de Romário os primeiros lugares no ranking de goleadores. E somos o maior exportador mundial de jogadores de futebol: 694 saíram em 2007, contas feitas pelo Jornal da Tarde até 15 de agosto.

Em tecnologia, surpresas: o quarto país em venda de computadores (deu no Jornal Nacional de 26 de setembro); o 11º no uso da banda larga de telefonia; o 13º entre os países que mais faturam com a venda de softwares; e o sexto em número de usuários de celulares: 100 milhões de pessoas! Na frente do Brasil estão apenas a China, os EUA, o Japão, a Rússia e a Índia. Mas ninguém nos bate no número de celulares na mão de presidiários.

A Transparência Internacional coloca o Brasil em 72º lugar no ranking da corrupção, entre 180 países. Céus! Há 108 piores! Que será que fazem por lá?

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