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Prefeitura demole praça que moradores construíram em terreno abandonado

População fez área de lazer e protestou contra decisão da prefeitura gritando "o campo é das crianças"; houve confronto e pessoas ficaram feridas

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h27 - Publicado em 5 out 2021, 17h05
praça com árvore, equipamentos de ginástica e quadra de terra, em dia ensolarado
Praça, localizada na Rua Palmas de São Moisés, na zona norte da capital, tinha obra comunitária de quadra destinada às crianças da região, que foi demolida nesta segunda (4) pela Prefeitura; houve protestos dos moradores da região contra a ação e um confronto entre a população e a GCM deixou feridos (Reprodução/Google Street View/Veja SP)
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Um terreno abandonado no bairro Cachoeirinha, na Zona Norte da capital, é alvo de disputa entre a prefeitura e a população. Nesta segunda-feira (4), houve confronto entre a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e os moradores do local, que protestavam contra a demolição de uma quadra construída pela comunidade no terreno, abandonado pelo poder público. Segundo a população, a GCM agiu com força desproporcional e algumas pessoas ficaram feridas. Em nota, a prefeitura afirma que o terreno pertence a ela e que foi “indevidamente ocupado”.

Durante a tarde desta segunda (4), os moradores e crianças (que usam a quadra) protestavam no terreno, localizado entre as ruas Palmas de São MoisésForte de São Caetano, contra a demolição da quadra. Uma escavadeira realizava a operação, que foi realizada pela subprefeitura da Casa Verde com apoio da GCM no local. Revoltados, os moradores gritavam “o campo é das crianças, o campo é das crianças”.

Em certo momento do protesto, a GCM entrou em confronto com os manifestantes. Segundo os moradores, os agentes agiram com força desproporcional, com disparos com balas de borracha, o que deixou quatro pessoas feridas, como Francisnaldo, que foi atingido na testa e está internado no Hospital do Mandaqui.  Já a prefeitura afirma que pedras foram atiradas na direção dos agentes e, para conter o tumulto, a GCM apenas seguiu o “protocolo de uso progressivo da força”.

imagem dividida em duas: às esquerda, confronto entre manifestantes e a GCM, cada um de um lado da rua, e à direita celular tirando foto de busto de homem com buraco vermelho de bala
Confronto entre a GCM e a população do bairro Cachoeirinha, em protesto contra a demolição da quadra comunitária em terreno abandonado da Prefeitura; segundo moradores da região, 4 pessoas ficaram feridas (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)
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O campo estava sendo construído no terreno há cerca de um mês pelos próprios moradores da região e, segundo uma liderança do bairro, o local estava abandonado há tempos. No terreno, também havia aparelhos de ginástica e um jardim comunitário improvisado. Na manhã desta terça-feira (5), toda a estrutura da quadra estava no chão, misturada à lama.

O terreno pertence à prefeitura. Em nota, a pasta afirma que a obra era irregular e que trazia riscos para quem frequentava a quadra, por isso a embargou. Agora, após a demolição, a gestão diz que vai começar obras para construção de uma quadra e um jardim no local.

Abandono da prefeitura e acolhimento da população

Os moradores da região afirmam que, antes dos cuidados com o terreno, o espaço era perigoso, pois estava abandonado e ficava cheio de lixo, animais e insetos. Imagens de 2019 mostram que o local tinha se tornado um ponto de descarte irregular de lixo.

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A transformação do local era uma demanda antiga da comunidade, de acordo com o presidente do Instituto Jardim Peri, Renato Alves Duarte. A instituição, sem fins lucrativos e formada por moradores do bairro, ficou à frente da revitalização do terreno e da construção da quadra. “Eu sou morador do bairro desde que eu nasci, há 41 anos, e sempre me deparei com o terreno totalmente abandonado e largado”, afirma. De acordo com Duarte, foi a comunidade quem cuidou do local até o momento.

Veja a íntegra da nota da Prefeitura:

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP), informa que a referida área é de sua propriedade e foi indevidamente ocupada.

Via denúncia anônima, foi constatada a realização de uma obra que, além de irregular, sem anuência da Cohab, oferecia risco à vida da população por falta de cercamento e com diversos materiais expostos, como alambrados e fiações elétricas, o que poderia ocasionar fatalidades.

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Em uma ação conjunta com a Subprefeitura da Casa Verde e apoio da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, por meio da Guarda Civil Metropolitana (GCM), a obra foi fiscalizada e embargada.

No momento, a Cohab está no processo final de projeto para revitalização da área. A nova obra seguirá todas as exigências legais de execução, com o acompanhamento de engenheiros e técnicos para garantir segurança à população local. O espaço contará com jardim, quadra e iluminação adequados.

Moradores da comunidade reagiram contra a intervenção atirando pedras e pedaços de madeira contra os agentes e a GCM. A ocorrência foi registrada no 72º Distrito Policial. “

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