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Prefeitura já gastou 94% do que previa para os ônibus

A administração se prepara para fazer saques em recursos economizados em outras áreas para manter em circulação os 15 000 coletivos da capital

Por Estadão Conteúdo
11 jul 2017, 10h09
Prédio da Prefeitura de São Paulo, no centro
Com a tarifa de ônibus congelada há dezoito meses, Prefeitura já gastou 94% (1,7 bilhão de reais) do orçamento para subsídios ao transporte público (Reprodução/Veja SP)
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Com a tarifa de ônibus congelada há 18 meses, a Prefeitura de São Paulo já gastou, até sexta-feira, 94% (1,7 bilhão de reais) do orçamento para subsídios ao transporte público (de 1,8 bilhão de reais). A administração se prepara para fazer saques em recursos economizados em outras áreas para manter em circulação os 15 000 coletivos da capital.

A transferência de recursos chega em um momento em que a Prefeitura acaba de anunciar cortes no horário de vigência do benefício do Passe Livre Estudantil, reduzindo para duas horas o tempo do passe livre, com direito a até quatro embarques. A medida deve economizar 70 milhões de reais até o fim do ano – pouco, ante a estimativa de mais 1 bilhão de reais que ainda será necessário para manter a operação dos transportes até dezembro.

O orçamento para o transporte, feito em 2016 – ainda na gestão Fernando Haddad (PT)-, previa reajuste da tarifa de ônibus pelos índices de inflação e foi definido em 1,8 bilhão de reais pela Câmara Municipal. Mas era promessa de campanha do prefeito João Doria (PSDB) não reajustar a tarifa.

Na própria Câmara, a Comissão de Transportes, na época, fez relatório dizendo que, mesmo com reajuste, seriam necessários ao menos mais 700 milhões de reais, além do 1,8 bilhão de reais previsto, para manter a operação e as gratuidades do bilhete único.

O problema tem se repetido nos últimos anos – em que funcionava esse modelo de financiamento. Em 2016, Haddad previa gastar 1,79 bilhão de reais com subsídios, mas usou 2,5 bilhões de reais. O subsídio é necessário porque o valor arrecadado pelas empresas com a venda de créditos do bilhete único é menor do que o gasto para transportar passageiros.

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“Quando fizemos um contingenciamento de 25% de todas as atividades nas secretarias lá atrás, um pedaço desse contingenciamento foi separado para isso (o subsídio)”, diz o secretário municipal da Fazenda, Caio Megale, ao destacar ainda outro problema: a arrecadação abaixo do esperado. “É possível descongelar todo o orçamento de toda as secretarias? Não. Ainda que batesse a arrecadação, que não vai bater, ainda assim não vai dar porque eu preciso separar 1 bilhão de reaispara os ônibus.”

Ao todo, o valor congelado para as atividades, jargão que se refere aos gastos comuns do dia a dia, como pagamento de terceirizados e compras de material, está em 3,8 bilhões de reais. A Prefeitura tem orçamento de 54,5 bilhões de reais para 2017, mas estima que não alcançará a arrecadação.

Além de retirar verba de outras áreas, a Prefeitura renegociou dívida com as empresas de ônibus. O débito de 300 milhões de reais será parcelado em dez vezes, com pagamentos a partir de 2018. Em outra ação, para tentar reduzir fraudes no bilhete único, foram cancelados 10 000 cartões nos últimos meses.

As mudanças recentes levaram à convocação de protesto para esta quarta-feira (12) na porta da Prefeitura, no centro.

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