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Prefeitura usa até tratores para desfazer barracas na nova Cracolândia

Medida já havia sido anunciada; para padre Júlio Lancelotti, trata-se de um ato de “covardia” da gestão do prefeito Ricardo Nunes

Por Clayton Freitas
Atualizado em 4 abr 2022, 13h14 - Publicado em 4 abr 2022, 12h18
Imagens mostram tratores destruindo barracas de pessoas em situação de rua e dependentes químicos na praça Princesa Isabel, no centro
Imagens mostram tratores destruindo barracas de pessoas em situação de rua e dependentes químicos na praça Princesa Isabel, no centro (@padrejulio.lancellotti/Reprodução)
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Dezenas de funcionários da prefeitura usando até tratores foram até a praça Princesa Isabel na manhã desta segunda-feira (4) para a desmontagem de barracas instaladas no local. Até agora, porém, as usadas pelos traficantes permanecem de pé.

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A retirada das estruturas da nova Cracolândia foi confirmada à Vejinha pela prefeitura na semana passada. O receio da administração municipal era o de haver resistência por parte de alguns, o que poderia gerar tumulto e colocar em risco não só quem executará a operação, mas também os próprios usuários de drogas e pessoas em situação de rua que estão na praça.

Até por volta das 12h desta segunda-feira não havia sido registrados conflitos no local.

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A medida é criticada pelo padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, que classifica a ação como “covarde”. “Tirar as coisas das pessoas e deixá-las sem nada é um ato de pura covardia”, afirma.

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A decisão de retirada pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ocorreu na noite da terça-feira da semana passada, dia 29 de março, mesmo dia em que o agora ex-governador João Doria (PSDB) afirmou ter orientado os chefes das polícias Civil, Militar e Secretaria de Segurança Pública a articular a retirada das estruturas com os guardas municipais.

Reportagem publicada na edição de VEJA São Paulo desta semana revela que a migração da Cracolândia levou antigos vizinhos a andar de novo pelas ruas da Nova Luz, agora desobstruídas. Por outro lado, trouxe muita dor de cabeça para comerciantes do entorno da praça Princesa Isabel, que relatam aumento da sensação da insegurança.

O que diz a prefeitura

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Segundo a gestão Nunes, a ação realizada na praça Princesa Isabel é a de zeladoria e foi feita para retirar pelo menos 35 toneladas de lixo e materiais de uso permanente

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“Doze caminhões foram carregados com madeira, lonas, sofás que estavam montados em local público nas primeiras horas da ação, realizada de acordo com as regras do 59.246/2020 que preserva artigos de uso pessoal e coíbe a ocupação permanente de áreas públicas”, afirma a nota.

Segundo a prefeitura, a ação foi realizada com o acompanhamento de técnicos da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Antes da ação de hoje, foram realizados 1 800 abordagens e mais de 230 encaminhamentos sociais e terapêuticos, diz a administração municipal.

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A prefeitura afirma que houve aviso prévio de que a ação seria realizada.Das 1 873 abordagens realizadas e 232 encaminhamentos, 81 pessoas foram direcionadas para tratar de suas documentações, e foram feitos 57 direcionamentos para núcleos de convivência e seis para pernoite.

“Além disso, foram registrados 88 encaminhamentos ao Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (Siat) e efetuadas 437 orientações, etapa muito importante no processo de construção de vínculos com as pessoas em situação de rua”, informa a prefeitura.

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A gestão Nunes informa que a GCM realiza o acompanhamento das equipes, e não foram registradas ocorrências na região da Luz (alamedas Cleveland e  Glete, rua Helvetia, e praças Princesa Isabel e Júlio Prestes).

A região conta com policiamento ostensivo, feito por 75 guardas, sendo 50 durante o dia e outros 25 à noite.

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