Fernando Parrillo: roqueiro e CEO da Prevent Senior
Além de comandar a gigante dos planos de saúde, o empresário toca na banda Doctor Pheabes
Durante o horário comercial, o administrador Fernando Parrillo pode ser quase sempre encontrado em sua confortável e silenciosa sala no penúltimo andar de um prédio comercial na Vila Olímpia, na Zona Sul, onde atua como CEO do plano de saúde Prevent Senior.
Sob seu comando, a empresa com mais de 330 000 usuários no estado faturou 2 bilhões de reais em 2016, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, e deve inaugurar três novos hospitais nos bairros de Higienópolis, Saúde e Morumbi até o fim do ano.
Quem vê o executivo de 48 anos envolvido até dez horas por dia com e-mails de trabalho e balanços financeiros pode ter dificuldade em enxergar sua personalidade paralela.
Mas, quando a rotina no escritório fica desgastante, ele afrouxa a gravata e sobe alguns lances de escada até a cobertura do prédio. Ali, mantém um bem equipado estúdio musical, com dezenas de guitarras, amplificadores e até um bar estilizado com pinturas alusivas à cultura do rock’n’roll.
Nesse refúgio, mostra que sua mão é boa não só para manusear planilhas, mas também para dedilhar solos e riffs. “É uma tentação não passar por lá no horário do almoço e ensaiar algumas músicas”, diz. O que poderia ser apenas um passatempo é, na verdade, a segunda profissão de Parrillo.
Pelo menos uma vez por semana, ele assume a guitarra da banda de hard rock Doctor Pheabes, que tem uma carreira que remonta à década de 80. Nela, tem a parceria do irmão, o sócio e médico Eduardo Parrillo, não apenas vocalista do grupo mas também diretor clínico da Prevent Senior.
O quarteto é completado por outros dois irmãos, os dentistas Paulo Rogério e Fábio Ressio, na bateria e no baixo, respectivamente. Em condições “normais”, a trupe se apresenta em bares e encontros do gênero na capital, com cachês que chegam no máximo a 25 000 reais por noite, valor dividido entre todos os integrantes.
O repertório inclui músicas próprias, cantadas em inglês, e também covers de sucesso, como Knockin’ on Heaven’s Door, do bardo americano Bob Dylan. Nada muito diferente de outras dezenas de bandas de rock paulistanas, que tocam mais por prazer do que por dinheiro. “Não é fácil conciliar as agendas, mas conseguimos fechar pelo menos um show por mês”, conta o empresário Renato Patriarca.
O inusitado, nesse caso, é que, mesmo sem muita visibilidade junto ao grande público, a Doctor Pheabes tem no currículo algumas apresentações em estádios lotados. O grupo fez, por exemplo, a abertura de shows para gigantes internacionais, a exemplo de Rolling Stones e Black Sabbath, no ano passado, e participou de festivais como Monsters of Rock e Lollapalooza, em 2015.
Sua presença em grandes eventos desperta a ira de bandas concorrentes, que costumam atribuir os convites ao patrocínio recorrente da Prevent Senior a atrações do tipo. Os caciques do meio musical, no entanto, reduzem esse ruído. “Eles são bons, nenhum produtor arriscaria a credibilidade de um festival só para agradar-lhes”, explica o diretor artístico Zé Ricardo, que convidou a banda para tocar ao lado de Supla no Rock in Rio, em setembro.
A vertente empreendedora de Parrillo surgiu no começo da década de 90, quando ele e o irmão compraram uma ambulância para fazer a remoção de pacientes graves até hospitais. “Enquanto eu dirigia, ele cuidava dos atendimentos”, lembra Parrillo. Em 1997, deram início à Prevent Senior ao adquirir uma clínica de dezoito leitos na Bela Vista, que já não faz mais parte da rede do grupo, formada por sete hospitais e outras 37 unidades de atendimento.
Enquanto os negócios prosperavam, a banda amargou um hiato de quase uma década e só ganhou ares profissionais em 2009, ao gravar suas primeiras músicas em estúdio. Quatro anos depois, lançou o primeiro álbum, Seventy Dogs, que não fez muito barulho no meio. Neste ano, eles soltaram o segundo disco, Welcome to My House. Até o momento, o clipe mais popular no YouTube é o da canção Carpe Diem, com mais de 154 000 visualizações. “O que importa é ser divertido, senão não compensa”, diz Parrillo.