Procurando Elly
Novo título iraniano traz suspense, característica rara no cinema feito no país
Esqueça tudo o que você já viu ou ouviu falar de cinema iraniano. Não há em Procurando Elly paisagens empoeiradas, crianças disputando um par de tênis, muito menos senhoras tecendo tapetes de lã. A fita flerta com o suspense, gênero raro na filmografia do Irã que costuma desembarcar por aqui. Ao contrário de títulos de Abbas Kiarostami e de Jafar Panahi, dois dos mais badalados realizadores de lá, o longa-metragem traz à cena jovens, digamos, modernos de Teerã. No desenrolar da trama, contudo, nota-se a preocupação do cineasta Asghar Farhadi em retomar velhas questões, como as tradições e o papel da mulher na sociedade. Em trabalho pulsante, original e, por isso mesmo, surpreendente, Farhadi foi premiado com o Leão de Prata de melhor direção no último Festival de Berlim. O enredo enfoca um grupo de amigos da capital iraniana que vai passar um fim de semana numa casa alugada à beira do Mar Cáspio. São três casais na faixa dos 30 anos na expectativa de fazer do divorciado Ahmad (Shahab Hosseini) um homem novamente comprometido. Para aproximá-lo de uma pretendente, a amiga Sepideh (Golshifteh Farahani) convidou a jovem Elly (Taraneh Alidoosti). Tudo parece conspirar a favor do romance. Mas, no dia seguinte, Elly desaparece misteriosamente e há suspeita de afogamento no oceano. A partir daí, o realizador dá conta de envolver a plateia numa trama nervosa (e com uma câmera na mão idem), abrindo um debate sobre como o Irã de ontem ainda está impregnado na juventude de hoje.
Procurando Elly, de Asghar Farhadi (Darbareye Elly, Irã, 2009, 119min). Estreia em 1º/1/2010.