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Quadrilha que assalta clínicas oftalmológicas é investigada

Grupo é acusado de roubar quase sessenta estabelecimentos no interior de São Paulo

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 18h16 - Publicado em 26 fev 2011, 00h16

Um assalto ocorrido no dia 17 de janeiro deste ano, uma segunda-feira, vem preocupando os oftalmologistas da cidade. Em apenas duas horas, uma quadrilha invadiu e fez a limpa na unidade de Moema da clínica Visus Oftalmologia — há outra unidade no bairro Chácara Santo Antônio. O crime foi cometido à luz do dia, por volta das 18h, quando cinco médicos e sete funcionários davam expediente e cerca de quinze pacientes aguardavam para ser atendidos.

De revólver em punho, os bandidos — três homens e uma mulher, que fingiam estar ali para marcar consulta — prenderam todos os presentes em uma sala e recolheram bolsas, carteiras e celulares. O alvo da ação, no entanto, eram doze equipamentos técnicos, avaliados em 400.000 reais e protegidos por seguro. Para desmontá-los, os criminosos exigiram a cooperação dos médicos.

Descrita como uma moça bonita, a mulher da gangue vestiu um jaleco e assumiu o papel de recepcionista para render os clientes que ainda estavam para chegar. “Foram duas horas de pavor”, lembra um dos sócios da clínica, o oftalmologista Lauro Augusto de Oliveira, também professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “O pior é que agora podemos desconfiar que novos pacientes sejam, na verdade, assaltantes.”

O episódio está sendo investigado pelo 16° Distrito Policial. A suspeita recai sobre uma gangue especializada em roubar equipamentos oftalmológicos desbaratada pelo Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) em 2008. Parte dos integrantes está foragida. O grupo é acusado de ter rapinado quase sessenta clínicas em cidades do interior, como Bragança Paulista, e bairros da Zona Sul da capital.

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A mesma unidade da Visus Oftalmologia invadida no mês passado teve dois aparelhos roubados três anos atrás. Na época, os ladrões se faziam passar por vendedores. Os prejuízos somam mais de 5 milhões de reais. Uma empresa de fachada revendia para outros médicos o material surrupiado, às vezes pela internet, como se fosse seminovo. Para tentar coibir a receptação, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) criou um cadastro com a relação dos produtos levados. “Quem adquire um equipamento caro pela metade do preço tem de desconfiar que sua procedência pode não ser lícita”, afirma o delegado Paulo Henrique, titular do 16º DP e responsável pelo caso.

 

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