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Mostra Internacional de Cinema: Renata de Almeida faz 21 anos de evento

Desde 1989, todo mês de julho, paulistana dá início, ao lado do marido, Leon Cakoff, à exaustiva jornada de seleção de filmes

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 14 Maio 2024, 09h09 - Publicado em 15 out 2010, 23h05
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Renata de Almeida 2187 5 (Divulgação/)
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Mulher de Leon Cakoff e mãe de dois filhos dele — Jonas, de 12 anos, e Tiago, de 8 —, Renata de Almeida é hoje tão importante para a Mostra Internacional de Cinema quanto seu pioneiro organizador. Prestes a completar 45 anos em novembro, essa escorpiana está há duas décadas à frente do mais importante evento cinematográfico da cidade. Pelo 34º ano consecutivo, a Mostra exibe, a partir de sexta (22), um amplo painel do que vem sendo feito no mundo (confira as principais atrações em Salas de Cinema, na pág. 158). Entre suas tarefas está a espinhosa montagem da programação — Renata precisou, em pouco mais de dez dias, encaixar 471 filmes em cerca de 1 200 sessões distribuídas por mais de vinte salas.

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Para incrementar ainda mais seu cotidiano, descobriu, recentemente, uma nova vocação. Acompanhada do marido, virou apresentadora da TV Cultura, na qual comanda, às quartas e sextas, o programa ‘Mostra Internacional de Cinema’. Desde 1989, todo mês de julho, Renata dá início à exaustiva jornada de seleção de filmes. A partir daí, confessa, quase não tem vida própria. Depois que circula pelos festivais de Berlim e Cannes, vai ainda a Veneza, em setembro, e passa dias e noites vendo um DVD atrás do outro. “Até meus filhos nascerem, ia às competições na Rússia, Holanda, Hungria e Japão”, conta. “Agora, preciso de mais tempo junto à família.”

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O pai oftalmologista e a mãe psicanalista deram um empurrãozinho em sua formação cinematográfica. Ela lembra que, quando era menininha, os dois a levavam às matinês do desenho ‘Tom & Jerry’ numa sala da região da Avenida Paulista. Adolescente, ela via desde fitas comerciais, como ‘A Gaiola das Loucas’ (1978), até longas mais intelectualizados, a exemplo de ‘Dersu Uzala’ (1975), de Akira Kurosawa. Foi também jovenzinha que, aos 14 anos, descobriu certo apetite pelos palcos. Participou de uma montagem da peça ‘A Casa de Bernarda Alba’, de García Lorca, mas desistiu do teatro logo em seguida. “Não me imaginava repetindo o mesmo texto por quatro, cinco anos.”

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Depois de se formar em rádio e TV pela Faap, partiu, em 1988, para Nova York, onde fez um curso de dois anos focado em cinema documental. Lá conheceu Cakoff, já separado de uma amiga, a cineasta Iara Lee. De volta ao Brasil e com o inglês afiado, foi ajudar nos preparativos da 13ª Mostra. Além do emprego, ganhou um namorado. “Tínhamos só seis colaboradores para fazer tudo, do receptivo à programação, da liberação das cópias ao catálogo.” Hoje, isso mudou. Se antes era apenas meia dúzia de convidados, para este ano está previsto o desembarque de setenta, como a atriz Hanna Schygulla e os diretores Alan Parker e Wim Wenders. Também cresceu o número de contratados — cerca de 500 pessoas trabalham, direta ou indiretamente, no evento.

Renata implantou novidades ao longo dos anos. Entre elas, a remuneração aos monitores e a criação do festival on-line, com sessões grátis pela internet. “Ela sempre foi importante nos bastidores”, aponta o crítico Rubens Ewald Filho. “Agora, seu trabalho está aparecendo mais.” Nos festivais internacionais, o casal Renata e Cakoff se divide para ver mais de cinquenta filmes em dez dias. Foi ideia dela trazer títulos posteriormente badalados como ‘Amores Brutos’ (2000) e ‘O Estranho em Mim’ (2008). “Aqui nem sempre as pessoas entendem que a mostra também é minha”, afirma ela. “Fora do Brasil me sinto mais respeitada.”

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De novembro a julho do próximo ano, seu dia a dia deve entrar nos eixos. Estarão de volta atividades corriqueiras, como levar as crianças à escola, almoçar em casa, fazer pilates e ir ao teatro. Renata já foi fotografada ao lado de gente importante e conheceu artistas do porte de Bruce Willis e cineastas como Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino. Não perdeu, contudo, o tímido jeito de moça de família do Alto da Lapa, bairro da Zona Oeste onde nasceu e para onde voltou dois anos atrás, a fim de viver numa espaçosa casa alugada. “Seja para Paris, seja para Bonito (MS), meu maior prazer é viajar com meus filhos.”

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