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Leonina da Silva Fidalgo: “Resgatei meu primogênito do viaduto”

A estudante de serviço social de 57 anos é moradora de Itaquera, na Zona Leste

Por Mariana Barros e João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 16h22 - Publicado em 25 jan 2013, 15h28

“Na manhã de quarta-feira, acordei por volta das 7 horas, peguei meu caçula e fui para a marquise de um viaduto no Tatuapé. Rodei pouco até encontrar meu filho mais velho, de 30 anos, visivelmente drogado. Pedi que entrasse no carro. Ele não resistiu. Eu o trouxe ao Cratod por duas razões: ele consome crack diariamente há quinze anos e tem HIV. Em 2012, recebeu o diagnóstico de soropositivo. Ele se nega a tomar o coquetel antirretroviral, mas ao mesmo tempo tem relações sem preservativo. Meu filho é um risco à saúde pública. Já passou por dez tratamentos e não se curou. Virou um tipo de pessoa que pede a suas companheiras que se prostituam para comprar droga. Para conseguir grana extra, limpa vidros nos semáforos. Morro por dentro ao vê-lo com os dedos queimados, a boca estourada e os dentes destruídos. Fumar essas pedras devasta a pessoa, que perde completamente a autoestima. Há dois anos, entrei na faculdade para cursar serviço social. Meu objetivo é ajudar outras mães que passam pelo mesmo problema. Não saio de casa à noite, preocupada se o telefone vai tocar trazendo notícia ruim, nem viajo, com medo de meu filho aparecer em casa e eu não estar por perto. Embora ele suma por dias, até meses, sempre que precisar de um banho quente vou ampará-lo. Na quinta, o juiz autorizou o tratamento. Tenho fé em que vai funcionar, pois ele não terá liberdade para sair e ficará quarenta dias sem contato com ninguém de fora. Agora, pelo menos vou poder dormir um pouco em paz.”

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