Retrospectiva: o retrato de 2017 em 29 imagens
Os cliques que marcaram a rotina (e as redes sociais) dos paulistanos em áreas como política, segurança, saúde, celebridades, esporte e cultura
Muros apagados
Vinte e dois dias depois de assumir a prefeitura, João Doria comandou uma das ações mais polêmicas de sua gestão: cobriu boa parte dos 5 000 metros de grafites dos muros da Avenida 23 de Maio. Os desenhos de 490 artistas tinham sido encomendados durante a administração de Fernando Haddad, em 2015. Após transformar o pedaço em um paredão cinza, o político virou alvo de pichações, o que desencadeou uma batalha do spray na capital. Na sequência, o prefeito implementou na via um corredor verde.
Empresa do mercado imobiliário, a Tishman Speyer bancou a instalação de 11 950 metros quadrados de jardins verticais, estimada em 9,7 milhões de reais, e também se comprometeu a cuidar de sua manutenção até fevereiro. Quem assumir os cuidados na sequência, por meio de chamamento, terá de desembolsar 150 000 reais por mês. Regadas por sistema de gotejamento, as plantas se veem bem preservadas.
Os figurinos do prefeito
Era por volta das 5h45 de 2 de janeiro quando o então recém-eleito prefeito João Doria apareceu vestido de gari na Praça 14 Bis, na Bela Vista. De lá para cá, o tucano fez as vezes também de pintor, agente da CET, cadeirante… As ações com “figurinos” foram todas devidamente registradas em suas redes sociais. “Só não estou na internet quando estou dormindo”, disse ele a VEJA SÃO PAULO em outubro. A popularidade do político deu uma arrancada no início da gestão, mas acabou despencando — sua taxa de reprovação passou de 13%, em fevereiro, para 39%, em dezembro, segundo o Datafolha.
No balanço dos últimos meses, contaram pontos positivos os programas Corujão da Saúde e Trabalho Novo, mas pegaram mal falhas na campanha Cidade Linda e o excesso de viagens na tentativa de engrenar uma candidatura à Presidência da República. Em dezembro, porém, Doria anunciou apoio à campanha do padrinho, Geraldo Alckmin.
Abaixo a Cracolândia
Em maio, o governo do estado, em parceria com a prefeitura, empreendeu uma megaoperação no centro a fim de reprimir o tráfico de drogas a céu aberto na região. Houve desmanche de tendas, prisões e ações desastradas, como a demolição de prédios com pessoas dentro. Ao fim de tudo, Doria chegou a anunciar a extinção da Cracolândia, mas os usuários apenas migraram para ruas próximas.
Seis meses após a ação, 956 pessoas acabaram presas por tráfico e 631 quilos de droga foram apreendidos. Paralelamente, o programa municipal Redenção realizou cerca de 2 950 internações voluntárias de viciados na região da Luz. No entanto, somente um terço deles completou o tratamento.
Nó impressionante
Bastou pifar o sistema de semáforos no cruzamento das avenidas Faria Lima e Juscelino Kubistchek para o caos se instalar no pedaço. Em fevereiro, o advogado Rodrigo Laranjeira flagrou um impressionante nó no trânsito. É possível contar cerca de 200
veículos parados. A cena correu a internet e teve pelo menos 9 000 compartilhamentos. O recorde de congestionamento na cidade, no entanto, aconteceu mais de um mês depois do flagra ao lado, em 15 de março, durante as paralisações de sindicatos contra a reforma da Previdência. Por volta das 9h30, a capital acumulou 201 quilômetros de engarrafamento.
139 tiros e dez corpos
Dez integrantes de uma quadrilha especializada em roubos a residências foram mortos por policiais civis na noite de 3 de setembro, no Morumbi. Os bandidos, que já haviam cometido mais de vinte crimes do tipo, eram observados pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) havia sete meses. Entre os mortos estava Mizael Pereira Bastos, o Sassá, líder do bando e tido como expert na prática. Nenhum dos policiais sofreu ferimentos graves no confronto. Por causa do grande número de tiros desferidos contra os assaltantes — foram 139 —, a corporação abriu uma investigação, ainda em andamento, a fim de apurar detalhes da ação.
Vacina disputada
A morte de dez macacos por causa da febre amarela em áreas verdes como o Horto Florestal e o Parque Anhanguera, ambos na Zona Norte, desencadeou, em outubro, uma operação de emergência para vacinar os moradores do entorno e evitar uma epidemia. Paulistanos formaram filas nos postos de saúde onde havia injeções disponíveis no início da campanha. A prefeitura tinha como meta imunizar 2,4 milhões de pessoas até dezembro, mas apenas 1 milhão de habitantes compareceu aos postos. Para aumentar essa taxa, espaços temporários de atendimento foram montados em comércios. Até agora já foram registrados dez óbitos em todo o estado.
Crime de cinema
Com 500 metros de comprimento e um investimento estimado em 4 milhões de reais, um túnel subterrâneo aberto para roubar uma agência do Banco do Brasil acabou descoberto pela polícia pouco antes do crime, em outubro. Os dezesseis bandidos envolvidos, detidos em flagrante, esperavam subtrair cerca de 1 bilhão de reais do prédio da Rua Verbo Divino, na Zona Sul. Tinham até carrinhos para levar o dinheiro. O caminho foi fechado pouco tempo depois.
Cenas revoltantes
Em um ano no qual o assédio sexual foi bastante discutido e denunciado, os abusos desse tipo no transporte público geraram revolta. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, foram 470 crimes até dezembro. Há quatro meses, por exemplo, um homem passou a mão nos seios de uma passageira a bordo de um ônibus na Avenida Paulista e foi preso em seguida. O relato mais notório, entretanto, envolveu Diego de Novais, de 27 anos, detido em 29 de agosto após ejacular em uma mulher, também na Paulista.
Na época, o juiz José Eugênio do Amaral decidiu que “não houve constrangimento” e liberou o infrator, com mais de uma dezena de passagens na polícia por abuso sexual. Quatro dias depois, Novais cometeu o mesmo crime em um coletivo na Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Dessa vez, foi detido por estupro. Desde então, está preso preventivamente em regime fechado no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros.
O drama do âncora
Apresentador do programa Cidade Alerta, da TV Record, Marcelo Rezende foi uma das celebridades que faleceram em 2017. Vítima de câncer no pâncreas e no fígado, o âncora de 65 anos desistiu da quimioterapia e apostou em tratamentos alternativos. Por meio de seu Instagram, com aparência debilitada, dava notícias aos fãs. Em setembro, apenas quatro meses após descobrir a doença, morreu no Hospital Moriah, em Moema.
Os irmãos Richthofen
Em junho, circulou uma foto de Suzane von Richthofen junto de um suposto fã. Presa desde 2002 pelo assassinato dos pais, ela havia sido contemplada com uma saidinha da cadeia devido ao Dia das Mães, no mês anterior. A criminosa de 34 anos estava, na verdade, com o pastor Euclides Vieira, da Igreja do Evangelho Quadrangular de Itapetininga, no interior. VEJA SÃO PAULO revelou que ela deseja se tornar missionária evangélica. A moça ficou noiva do empresário Rogério Olberg, parente de uma presa de Tremembé.
O irmão de Suzane, Andreas, também virou notícia. Em maio, o rapaz, de 30 anos, foi apanhado por policiais tentando invadir uma residência em Santo Amaro. Estava sujo, com roupas rasgadas e olhos vidrados. Foi levado para o Hospital Campo Limpo e, um dia depois, para a Casa de Saúde São João de Deus, em Pirituba. A direção do local informa que Andreas voltou para casa duas semanas após o ocorrido, no feriado de Corpus Christi.
Justiça ao carroceiro
Em julho, a morte do catador de materiais recicláveis Ricardo Nascimento, de 39 anos, causou comoção em Pinheiros, por onde costumava passar com sua carroça. Comerciantes da região chamaram a polícia para acalmar o carroceiro, que estava nervoso e segurava um pedaço de madeira. O homem acabou sendo baleado à queima-roupa no tórax pelo soldado José Marques Madalhano. Logo após o falecimento de Santos, o policial foi afastado e começaram as investigações, ainda em andamento. Na missa de sétimo dia do catador, centenas de pessoas realizaram um ato pedindo justiça na porta da Catedral da Sé. Muitos exibiam faixas. A carroça do rapaz pintada de branco foi colocada em frente à igreja.
Joia destruída
Em maio, o empresário Ricardo Scalzoni abandonou sua Ferrari branca destruída após uma batida contra um Honda Fit no corredor norte-sul da Avenida 23 de Maio. Testemunhas filmaram o veículo — avaliado em 380 000 reais — em alta velocidade no Túnel Ayrton Senna, instantes antes da colisão. Testemunhas dizem que ele estava tirando um racha com um Porsche. Único ferido, Scalzoni chegou a ficar na UTI do Hospital São Luiz. A polícia indiciou o condutor por direção perigosa e lesão corporal.
A mascote de Kid
O velório do cantor e radialista Kid Vinil, que morreu em maio, aos 62 anos, devido a uma parada cardíaca, ganhou um tom ainda mais dramático com a presença do golden retriever Kosmo, que ficou com o músico por treze anos. A mascote foi levada ao velório, na Assembleia Legislativa, pelo advogado Jaime Gaeta, companheiro do artista havia mais de trinta anos.
Resgate emocionante
Em setembro, a ativista Luisa Mell chocou o público ao registrar em suas redes sociais o resgate de 135 cães de um canil de Osasco, na região metropolitana. Os pets, de raças como yorkshire, lhasa apso e pug, estavam sujos, machucados e doentes. Foram encaminhados ao instituto da protetora de animais, em Ribeirão Pires, onde receberam atendimento veterinário. Mais de quarenta deles morreram devido a complicações em seu estado de saúde. No último dia 18, a ONG ganhou a posse definitiva do restante dos pets. A ideia é que sejam castrados e doados em janeiro, parte deles em uma feirinha no MorumbiShopping.
Trans em cena
Um dos assuntos mais debatidos do ano, as questões de gênero também foram tema de peças de teatro. A montagem mais polêmica foi O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, da escocesa Jo Clifford. A atriz trans Renata Carvalho apresentou no Sesc Santo Amaro e em outros palcos o monólogo sobre o preconceito sofrido por transexuais e como seria se Jesus Cristo vivesse nos dias de hoje nessa condição. A produção chegou a ser suspensa em Jundiaí, no interior. Pelo menos outras três montagens enfocaram o tema: BR-Trans, de Jezebel De Carli e Silvero Pereira; Dilúvio, de Gerald Thomas; e Imortais, de Newton Moreno.
Inaugurações de primeira
Um trio de centros culturais de peso abriu as portas na capital em 2017. Dois deles ficam na Avenida Paulista. Desde maio, a Japan House exibe instalações artísticas da cultura oriental contemporânea. Com sete andares, o Instituto Moreira Salles (IMS), em atividade desde setembro, traz salas de exposição, cinema e livraria. No centro, foi inaugurado em agosto o Sesc 24 de Maio, a 21ª unidade da rede na Grande São Paulo. A bela piscina no 13º andar dá vista para pontos como o Edifício Altino Arantes. Ao todo, as três atrações receberam mais de 1,6 milhão de visitantes neste ano.
Agenda gringa
A banda irlandesa U2 brilhou em quatro apresentações lotadas no Estádio do Morumbi, em outubro. Para a primeira delas, os cerca de 65 000 ingressos se esgotaram em menos de duas horas. Os músicos entoaram hits como Sunday Bloody Sunday e With or Without You. Destacou-se um telão de LED com 60 metros de largura e 14 de altura. Foram aproximadamente vinte grandes shows internacionais na cidade neste ano. Além do U2, apareceram Paul McCartney, Elton John, The Who, Justin Bieber… Boa parte deles se apresentou no Allianz Parque, que recebeu na faixa de 500 000 pessoas em eventos do tipo. Também rolaram atrações no Estádio do Morumbi e na Arena Anhembi.
Performance polêmica
Imagens de uma menina tocando um dos pés de um artista nu causaram grande discussão em setembro. Tratava-se da performance La Bête, com Wagner Schwartz, no Museu de Arte Moderna (MAM). O caso chegou a ser tratado como erotização infantil por grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL). Alvo de manifestações, a instituição de arte se posicionou na época. Afirmou que a criança estava acompanhada de um responsável e a sala, sinalizada com o teor da obra. Após a repercussão do vídeo, o MAM assinou um acordo com o Ministério Público do Estado comprometendo-se a restringir celulares e outros aparelhos eletrônicos nas salas para evitar a exposição de outras pessoas.
Rolê na metrópole
As estrelas internacionais que desembarcaram na capital para shows deram o ar da graça também fora dos palcos. É o caso do Coldplay, que realizou uma visita-surpresa à ala infantil do Instituto do Coração (Incor), na Zona Oeste, em novembro. Na brinquedoteca, os ingleses posaram para fotos e soltaram a voz em músicas como o hit Viva la Vida, além de sucessos de outros cantores, a exemplo de Shape of You, de Ed Sheeran. Bono Vox e a trupe do U2 passearam a pé na região central da cidade e bateram ponto no Drosophyla Bar. O rolê “família” ficou com Mick Jagger, que passou por São Paulo (sem os Stones) em maio para comparecer à festinha de 18 anos do filho Lucas, fruto da relação com a apresentadora Luciana Gimenez.
Intolerância explícita
Em novembro, manifestantes contrários à obra da filósofa Judith Butler, de 61 anos, incendiaram um boneco com o rosto da americana na porta do Sesc Pompeia, onde a estudiosa realizou uma palestra sobre democracia. Professora da Universidade da Califórnia em Berkeley, ela é conhecida por estudar questões de gênero e defender a ideia de que fatores além da biologia podem construir o masculino e o feminino. O ato foi convocado por grupos como Juntos pelo Brasil e Direita São Paulo. No Aeroporto de Congonhas, Judith chegou a ser agredida verbalmente por manifestantes, que também empurraram um carrinho de bagagem contra ela.
Pausa para a selfie
Aos 27 minutos do primeiro tempo da partida entre Corinthians e Palmeiras, o paraguaio Romero abriu o placar, que terminou em 3 a 2 para o time da casa, em Itaquera. A comemoração não poderia ser mais original: ao lado dos colegas, o atacante tirou uma selfie dentro do campo. O jogo fazia parte da reta final do campeonato brasileiro, conquistado pela sétima vez pelo Timão. No torneio, o clube conseguiu o melhor primeiro turno da história da disputa e venceu com três rodadas de antecedência. Neste ano, a equipe levou também o Paulistão.
O adeus à F1
Após quinze anos na elite do automobilismo, com passagens pelas equipes da Sauber, Ferrari e Williams, o paulistano Felipe Massa fez a sua despedida da Fórmula 1 no Grande Prêmio do Brasil, em novembro, no Autódromo
de Interlagos. Na prova, terminou em sétimo lugar. Ainda assim, subiu ao pódio após a saída dos campeões para dar adeus. Na categoria, seu melhor momento foi o vice-campeonato de 2008 (perdeu o título na última volta, em Interlagos). Ele promete retornar às pistas em 2018, competindo na Stock Car.
Filas na porta
Desembarcou por aqui a rede oriental Miniso, com direito a filas na inauguração. Com oito unidades na capital (e mais treze programadas para 2018), ela chegou para concorrer com a Daiso. Em suas lojas, é possível encontrar bugigangas, utilidades domésticas, roupas e acessórios por valores acessíveis. Outra marca que abriu as portas com frisson foi a italiana Kiko Milano, de maquiagem, dona de cinco endereços na cidade.
Gigante da hotelaria
Com diárias de até 38 240 reais, o Palácio Tangará, hotel cinco-estrelas na região do Panamby, abriu as portas na capital em meados de maio. No local, há piscinas com fundo de mármore e um restaurante com cardápio assinado pelo premiado chef francês Jean-Georges Vongerichten. São 30 000 metros quadrados, pelos quais se espalham 141 quartos e salão de baile para 530 convidados, entre outros luxos. Todos os ambientes do endereço são iluminados com janelões por onde passa luz natural. No entorno, surge o parque Burle Marx, com vegetação típica da Mata Atlântica. Fizeram checkin por lá Paul McCartney e os músicos da banda irlandesa U2.
Altar das celebridades
Dois casamentos se destacaram no mundo dos famosos. Com uma seleção de estrelas entre os convidados (Neymar, Galvão Bueno, Bruna Marquezine, Gloria Maria…), a atriz Marina Ruy Barbosa trocou alianças com o piloto Xandinho Negrão em Campinas, em uma propriedade da família do noivo. Na cerimônia, realizada em outubro, a moça usou um vestido Dolce & Gabbana e recebeu os cuidados do cabeleireiro Marcos Proença. A festa que rolou madrugada adentro teve o DJ Alok como atração principal.
A união da apresentadora Ticiane Pinheiro com o jornalista Cesar Tralli se deu em dezembro, em um hotel de Campos do Jordão. A pequena Rafaella, filha de Ticiane com Roberto Justus, usou uma versão míni do vestido da mãe e entrou como daminha ao som da versão instrumental da música Trem- Bala, de Ana Vilela, um dos hits do ano.