Revitalização dos Largos de Pinheiros e da Batata
Demolição de antigos imóveis, novas ruas e calçadas maiores e surgimento de lojas de alto padrão mudarão a cara da região.
Espremido entre áreas nobres da cidade, como os Jardins e o Alto de Pinheiros, o Largo da Batata e seu entorno é uma excrescência urbana. Ali, as ruas estreitas são tomadas por ambulantes, lojinhas populares – de acessórios para pesca a artigos religiosos – e um passa-passa intenso de gente, carros e ônibus. A aglomeração começa por volta das 7 horas e só cessa depois das 19. ‘ Este sempre foi um ponto concorrido da cidade ‘, diz Aloizio Camppelo, camelô que atua na Rua Martim Carrasco há oito anos. ‘ Pago 100 reais por mês para a loja da frente guardar meu lugar aqui e cheguei a vender 300 reais em um dia. ‘ Mas esse cenário digno de capital indiana está prestes a seguir outro caminho. Previsto para o próximo semestre, o fim das obras de revitalização da região promete mudar a cara do pedaço. Com um custo de 100 milhões de reais, o projeto prevê a demolição de 180 imóveis, a construção de praças arborizadas, a abertura de novas ruas e a ampliação de calçadas. Além disso, os fios serão aterrados, assim como foi feito há dois anos na Rua Oscar Freire. ‘ Concluímos 70% do projeto, e as mudanças já atraem para ali empreendimentos comerciais de alto padrão ‘, afirma Edward Zeppo Boretto, diretor de obras da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb). ‘ Em pouco tempo, a paisagem deve mudar completamente, num processo semelhante ao da Vila Olímpia, onde favelas deram lugar a edifícios comerciais de alto padrão. ‘
A valorização não para no entorno do Largo da Batata – ou de Pinheiros, seu vizinho, que também está incluído no projeto. Ela se reflete em um perímetro de cerca de 4 quilômetros quadrados, delimitado pela Marginal Pinheiros, pelas ruas Frederico Herman Júnior, Purpurina, Aspicuelta, Cristiano Viana e pela Alameda Gabriel Monteiro da Silva. Isso porque, além das obras de revitalização, está em andamento nas imediações a construção de três estações do metrô: Faria Lima e Pinheiros, cuja inauguração está prometida para 2010, e Fradique Coutinho, que deve ficar pronta em 2012. Com tantas melhorias à vista, o valor do imóvel nessa área dobrou nos últimos cinco anos. O preço do metro quadrado no entorno do Largo da Batata custa, em média, 5 000 reais atualmente – valor semelhante ao encontrado na Avenida Paulista. Nas áreas mais residenciais, esse preço chega a 9 000 reais. Por esse motivo, estão sendo construídos 22 prédios (cinco comerciais e dezessete residenciais) e outros doze devem ser lançados ainda em 2009. ‘ Trata-se de um número muito expressivo para um perímetro pequeno e bastante adensado ‘, diz Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).
Uma das incorporadoras mais ativas por ali é a Even. Há um mês, ela lançou o segundo condomínio de luxo nas proximidades da Rua Frederico Herman Júnior, de frente para uma área estritamente residencial. Os 42 apartamentos têm 352 metros quadrados cada um e estão avaliados em 2,8 milhões de reais. ‘ Vendemos 60% das unidades. É um negócio fechado por dia ‘, comemora João Azevedo, diretor de incorporação da Even, que tem planos para lançar prédios comerciais por ali também. Quem comprou antes desse boom fez um investimento e tanto. É o caso da personal stylist Lilian Lacerda, moradora de um apartamento de 64 metros quadrados na Rua Virgílio de Carvalho Pinto, vizinho à futura Estação Fradique Coutinho. ‘ Há dois anos e meio, paguei 210 000 reais. Recentemente, recebi duas propostas para vendê-lo pelo dobro ‘, diz. Só quem não está feliz com as mudanças são os camelôs. ‘ Vendo dois terços a menos que antes das obras. Acho que não haverá lugar para mim quando tudo ficar pronto ‘, queixa-se Aloizio Camppelo, que ainda resiste com sua barraquinha de frente para a obra da Rua Martim Carrasco.