Sem grafites, gestão Doria reinaugura Arcos do Jânio
Segundo a prefeitura, restauro custou 791 mil reais e fez com que o conjunto retornasse às suas características originais
A Prefeitura de São Paulo entregará nesta segunda-feira (3) os Arcos da Rua Jandaia, popularmente conhecidos como Arcos do Jânio, completamente restaurados e sem os polêmicos grafites autorizados pelo governo municipal passado de Fernando Haddad (PT).
Segundo a gestão João Doria, as obras custaram 791.011,04 reais e fizeram com que o conjunto retornasse às suas características originais, com os tijolos de calcário se tornando visíveis. “A restauração é importante para a valorização de uma tecnologia construtiva pouco conhecida utilizada nos primeiros tipos de construção em São Paulo, que chegou junto com os imigrantes europeus”, diz a prefeitura, em nota. “Os tijolos utilizados na obra são de calcário, que não têm a cor comum de tijolos, são mais acinzentados por conta do tipo de material”.
No geral, os trabalhos contaram com a limpeza de todas as superfícies; a remoção da pintura (superfície de tijolos e guarda-corpo); o registro gráfico e fotográfico do estado de conservação, com mapeamento de danos e patologias identificadas; a conservação das vedações planas (superfícies internas aos arcos), com preparação da superfície, regularização, tratamento de trincas e fissuras; e pintura de acordo com a coloração original; a restauração do guarda-corpo, arcos e pilares; a proteção química do conjunto, com aplicação de velatura em silicato e produto antipichação e, por fim, a limpeza final.
Após uma ação popular, em 2015 o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) contratou arquitetos e historiadores para fazer um parecer técnico sobre a composição dos Arcos. Com base neste documento, a instituição criou um projeto de restauro, que foi encaminhado para análise do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (Conpresp). Com a aprovação, em março de 2016, foi aberto o processo de licitação para contratar a empresa Corpotec que fez a obra.
Os recursos para viabilizar os trabalhos foram financiados pelo Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano (Funcap). As receitas do Funcap são constituídas por dotação orçamentária, doações, legados, rendimentos provenientes da aplicação de seus recursos e, principalmente, das multas aplicadas aos proprietários que descumprem as normas de proteção ao patrimônio histórico, cultural e ambiental estabelecidas na legislação vigente.
HISTÓRIA
Para conter a encosta da Rua Jandaia, no bairro da Bela Vista, um muro de arrimo foi construído entre 1908 e 1913. Composto por 21 módulos, em arcos separados por pilastras, o muro preenche o desnível existente entre as ruas Assembleia, na sua base, e Jandaia, alcançando cerca de onze metros em seu ponto mais alto.
A faixa de terreno compreendida entre o muro e a Rua Assembleia foi depois ocupada por sobrados, datados da década de 1930. Construídos com os fundos voltados para o “paredão da municipalidade”, os sobrados o encobriram em grande parte por décadas.
Nos anos 1960, o projeto de reformulação viária que previa a interligação das avenidas 23 de Maio, Brigadeiro Luís Antônio e a recém-aberta Radial Leste-Oeste pediu a desapropriação dessas casas da Rua Assembleia. O processo foi aberto prevendo-se sua demolição. Enquanto eram efetuados os pagamentos das indenizações, no entanto, as casas foram invadidas por famílias carentes, situação que perdurou por vários anos.
A Prefeitura obteve a reintegração de posse somente em 1987, quando foi feita a demolição das casas e a integração da área à malha viária urbana, com a criação de um acesso entre as avenidas 23 de Maio e a Radial Leste-Oeste.
Assim, foram redescobertos os famosos arcos, monumento da história da cidade de São Paulo, que ficariam conhecidos pelo nome do prefeito que realizou a demolição dos sobrados, Jânio Quadros. Em 1988, foi contratada empresa para limpar a área dos antigos casarões e recuperar o muro de arrimo para sua conservação.