Suspeita de surto de febre amarela aumenta procura por vacina
Infectologista garante que não há motivo para pânico
Clínicas de vacinação da capital têm notado que a procura pela vacina contra a febre amarela chegou a triplicar desde setembro do ano passado, quando começaram a surgir alertas sobre o suposto surto. A Sanofi Pasteur, empresa responsável por fornecer a vacina para as clínicas particulares, garante que a distribuição do medicamento está dentro do normal, mas clínicas como a Vacinarte, em Moema, e Provacina, na Mooca, também notaram alta na procura e não têm vacinas disponíveis.
“Como a febre amarela já não era mais comum no Brasil, as pessoas só procuravam a vacina quando iam viajar para lugares que apresentam riscos de infecção. Agora, elas estão com medo de contrair febre amarela aqui mesmo, no Brasil”, conta Simon Marinho, enfermeiro da clínica Clivan, que fica na Pompeia.
Segundo a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital e Maternidade Santa Joana, não há motivo para pânico, especialmente em áreas urbanas. “O que está acontecendo é um surto silvestre de febre amarela, ou seja, um surto que se manifesta apenas em animais que circulam em matas e florestas”, explica.
“Os humanos que morreram infectados pela doença circularam por áreas de risco e lá contraíram o vírus. Não há surto na capital”, garante a especialista. “Mesmo um indivíduo que esteve em região de risco e contraiu o vírus é incapaz de transmitir febre amarela sem a participação de um vetor, que é o mosquito. Ou seja, a febre amarela não transmite de pessoa para pessoa, como as doenças contagiosas.”
A infectologista faz questão de destacar que perfis de pessoas que não devem tomar a vacina. “É importante conter essa procura elevada pela vacina, uma vez que há grupos que não podem ser medicados”, alerta. Ela cita, como exemplos, gestantes, mulheres que estão amamentando, crianças menores de seis meses e idosos.
Mortes do Estado – Nesta segunda (23), a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou três mortes por febre amarela silvestre, duas delas de vítimas que contraíram o vírus em território paulista (casos autóctones) e uma de um paciente que havia viajado para Minas Gerais, onde ocorre surto da doença. As duas mortes autóctones ocorreram nos municípios de Américo Brasiliense e Batatais, ambos no interior do Estado. São os primeiros casos de transmissão local da doença no ano. O outro óbito confirmado foi notificado em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo, de um morador com histórico de viagem recente para Minas. Além das três mortes confirmadas, a secretaria investiga outros dez casos suspeitos da doença, dos quais três resultaram na morte das vítimas. Todos eles viajaram para Minas, segundo a secretaria (com Estadão Conteúdo).