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Quem é a primeira trans a integrar uma equipe feminina no país

Tifanny Abreu, nova integrante do Vôlei Bauru, faz história no esporte brasileiro

Por Mariana Gonzalez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 dez 2017, 06h00 - Publicado em 22 dez 2017, 06h00
Tifanny Abreu: primeira transexual a integrar a seleção ferminina de vôlei, ela agora procura uma carreira na política  (Leo Martins/Veja SP)
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No último dia 10, a equipe do Bauru perdeu em casa para o São Caetano por 3 sets a 2.  Apesar da derrota, a partida pela Superliga Nacional de Vôlei vai ficar na história do clube e do esporte brasileiro. Na data, a oposta Tifanny Abreu estreou no elenco, virando a primeira atleta transexual no país a defender uma equipe feminina.

Com 33 anos, 1,92 metro e 89 quilos, a moça nascida no interior do Tocantins foi criada no Pará. Praticava vôlei na escola quando acabou convidada para integrar um time local, aos 17. Passou por outros clubes, todos masculinos, até ser escalada para atuar em Portugal, em 2008. Depois, foi parar na Bélgica. Lá, na equipe de segunda divisão Zele-Berlare, deu início ao tratamento hormonal para a mudança de gênero.

Adotou o nome Tifanny (prefere não divulgar o antigo), deixou o cabelo crescer, fez implante de silicone nos seios e passou a usar maquiagem e roupas femininas. “Meus colegas me respeitavam muito”, lembra. “Se não havia um vestiário exclusivo, esperavam que eu saísse do banho para entrar.” Ela começou, então, a sentir o efeito dos medicamentos: diminuição de força, saltos menos potentes e aumento de peso — ganhou 13 quilos. “Não estava mais apta a jogar entre eles”, conta. Desligou-se do Zele-Berlare e partiu para a Holanda, onde, em 2013, realizou a cirurgia de transição de gênero.

Após uma pausa na carreira, voltou ao esporte no início deste ano. A Federação Internacional de Voleibol permitiu que integrasse o elenco feminino do Golem Palmi, da segunda divisão italiana. De acordo com a entidade, nem homens nem mulheres transexuais que passaram por cirurgia ou se veem em estágio avançado do tratamento hormonal — comprovado por exames — têm vantagens físicas em relação aos atletas do mesmo gênero.

Tifanny Abreu
A esportista (de cabelos compridos) com a equipe masculina do clube belga Zele-Berlare: no início da transição de gênero, em 2012 (Divulgação/Veja SP)
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A estreia da esportista no Bauru abre um precedente para casos semelhantes. Em nota, a Confederação Brasileira de Voleibol afirmou que está estudando alterações no regulamento para quando aparecerem novas solicitações desse tipo. Desde 2003,
o Comitê Olímpico Internacional permite a participação de transexuais nos Jogos. As regras foram flexibilizadas em 2016, excluindo a obrigatoriedade de cirurgia, por exemplo. Na competição, homens que mudaram de sexo devem exibir nível de testosterona abaixo de 10 (normalmente, ele varia entre 30 e 90).

Um cenário bem diferente das polêmicas do passado. Em 1936, Dora Ratjen, da Alemanha, garantiu o quarto lugar na Olimpíada de Berlim no salto em altura feminino — depois, descobriu-se que se tratava de um homem vestido de mulher.

Em relação a Tifanny, uma das poucas críticas partiu da ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel. Na segunda (18), ela declarou: “O corpo foi construído com testosterona a vida toda. Não é preconceito, é fisiologia”. Tifanny preferiu não rebater o comentário. No geral, porém, o caso teve boa recepção e mostrou que o mundo do esporte está mais aberto.

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Em 1995, o jogador de vôlei fluminense Lilico foi um dos primeiros a se assumir gay. Em 1999, durante os preparativos do time masculino para a Olimpíada de Sydney, ele atribuiu sua não convocação à discriminação (o atleta morreu em 2007, em decorrência de um AVC).

Tifanny, que adora pintar livros de colorir e mora em um apartamento em Bauru junto do cãozinho Thor Jr. (deu-lhe esse nome em homenagem ao ex- namorado belga, do qual se separou recentemente), comemora os avanços. “Hoje sou mais uma mulher na quadra. Somos todas iguais”, afirma.

Bloqueio no preconceito

Um raio-x da atleta de 33 anos

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Nome: Tifanny Pereira de Abreu
Data de nascimento: 29/10/1984
Origem: nasceu em Paraíso do Tocantins (TO) e foi criada em Conceição do Araguaia (PA)
Carreira no vôlei: defendeu cinco times internacionais e cinco nacionais
Rotina de exercícios: pelo menos 24 horas de treinos durante a semana
Família: tem seis irmãos. A mãe, a aposentada Amália, vive no Pará
Estado civil: solteira. Terminou recentemente um namoro com um jogador belga. Mora com o lhasa apso Thor Jr.

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