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Tubarão resgatado em residência recebe comida na boca em Ubatuba

Animal teve de ser transportado desde Ribeirão Preto, onde vivia em um aquário apertado

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 28 mar 2017, 09h13 - Publicado em 28 mar 2017, 08h31
Tubarão-lixa (Wikimedia Commons/Divulgação)
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Uma jovem fêmea de tubarão-lixa, resgatada na semana passada de um aquário doméstico em que vivia apertada, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, já dá sinais de estar à vontade em seu novo e espaçoso lar, em Ubatuba, no Litoral Norte do Estado. O peixe carnívoro que, nos mares, costuma ser assustador, está sendo alimentado na boca pela equipe de biólogos e veterinários do Aquário de Ubatuba, que se tornou guardião do animal.

Desde o dia 23, quando chegou, o tubarão-lixa ganhou peso – está com cerca de 26 quilos – e cresceu alguns centímetros, chegando a 1,67 metro. O peixe de pele áspera, daí o nome, saiu de um compartimento com 3 000 litros de água para um tanque de quarentena com 20 000 litros, mas será levado para um ambiente ainda mais amplo, assim que passar o período de observação e adaptação.

O biólogo Daniel Oliani, um dos tratadores, usa luva de aço especial para levar o cardápio de camarão e postas de peixes como merluza e bonito à boca da “ferinha”, que tem dentes pequenos, mas pontiagudos e perigosos. “Ela não sabe caçar, por isso estamos dando na boca, mas a luva é apenas por proteção, pois essa fêmea é muito dócil”, disse Oliani. O tubarão está comendo 700 gramas por dia, mas a quantidade de comida deve aumentar ao longo da adaptação.

O tubarão-lixa viajou cerca de 700 quilômetros até o novo lar. A equipe do aquário de Ubatuba se deslocou até Ribeirão Preto para recuperar o animal que vivia no aquário de uma residência. Criador de peixes exóticos por hobby, o dono do imóvel adquiriu o espécime há três anos e meio, quando ainda era um filhote com pouco mais de 50 cm de comprimento. O tubarão viveu todo esse tempo um aquário de vidro de 3,20 por 3 metros, que logo se tornou pequeno.

Alimentado à base de camarões grandes – cerca de 100 por dia – e alguns peixes, o predador atingiu 1,60 de comprimento e já não cabia em sua “casa”. Ao lado do incômodo causado pelo “peixão” que, a cada batida de causa jogava água pelo imóvel todo, o dono descobriu que a espécie da fauna silvestre era ameaçada de extinção e sua posse, ilegal. Quem mantém animal nessas condições pode responder por crime ambiental e pagar multa de 5 000 reais.

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De acordo com o comando da Polícia Ambiental na região, quando o possuidor de boa fé se dispõe a entregar animal, como foi o caso do morador de Ribeirão Preto, ele não sofre sanção. Como o tubarão-lixa viveu a maior parte da vida em aquário, ele não poderia ser devolvido à natureza. Foi assim que o Aquário de Ubatuba entrou na história. O resgate de tubarão-lixa envolveu uma logística minuciosa, acompanhada pelo oceanógrafo Hugo Gallo Neto, diretor do Aquário de Ubatuba, pelo biólogo Leandro Santos e pela veterinária Verônica Takatsuka.

Depois de ceder sangue para análises, o espécime foi transferido de maca do seu aquário para um recipiente especial, com água salgada e oxigenação. Durante a viagem, foram feitas paradas para avaliar as condições do animal. No último dia 23, trinta horas depois de deixar a casa antiga, o tubarão deu entrada em sua nova morada.

Conforme Gallo, os resgates de animais são menos raros do que parecem. “Já perdemos a conta que quantos resgates fizemos ao longo desses 21 anos de atuação, mas é importante ressaltar que o ambiente doméstico não proporciona os cuidados necessários que os animais silvestres exigem para viver longe de seu habitat natural”, disse.

Fundado em 1996, o aquário de Ubatuba é o primeiro privado do País e atua na conservação do ambiente marinho por meio da educação e pesquisas. O circuito de visitação é composto por 21 recintos, nos quais vivem mais de 700 animais de 130 espécies.

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