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Um em cada cinco motoristas admite usar o celular no trânsito

São Paulo aparece entre as capitais onde os condutores fazem menos uso do aparelho enquanto dirigem

Por Estadão Conteúdo
25 jun 2019, 09h20
Motorista fala ao telefone enquanto dirige em São Paulo (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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No trânsito, é comum ver motoristas utilizando o celular em ligações ou para envio de mensagens. Em um levantamento inédito do Ministério da Saúde, um em cada cinco condutores admitiu utilizar o aparelho enquanto dirige. Nessa pesquisa, as pessoas entre 25 e 34 anos e aquelas com mais de 12 anos de escolaridade lideram o ranking da infração, considerada gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Os dados são do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e foram coletados entre fevereiro e dezembro de 2018. Foram ouvidas 52.395 pessoas nas capitais e no Distrito Federal. A capital que teve mais condutores que admitiram utilizar o aparelho foi Belém, seguida de Rio Branco, Cuiabá e Vitória. São Paulo aparece no grupo de quem faz menos uso do celular no trânsito (17,4%), ao lado de Rio e de Manaus. Salvador teve o menor índice, com 14,2%.

Especialistas alertam que mexer no equipamento favorece a ocorrência de acidentes e interfere na fluidez do tráfego. “Os riscos estão comprovados. As pessoas se preocupam com pontos na carteira e com multas, mas esses são mecanismos para evitar sequelas e mortes. A facilidade que o celular propicia é um grande vetor de incentivo ao uso. Os carros mais modernos já vêm com maneira de integrar o celular na eletrônica do veículo, para não dividir atenção”, afirma o consultor em engenharia urbana Luiz Célio Bottura.

Para ele, o ideal seria que as redes sociais não funcionassem enquanto os veículos estivessem em movimento. “A evolução dos celulares e da comunicação virtual precisa se preocupar com isso não dá para se concentrar em duas coisas. A interação poderia ser postergada.”

Em abril , o empresário Thiago Martins, de 29 anos, quebrou as duas pernas após seu carro bater em um caminhão que freou bruscamente ao se deparar com um veículo que estava parado na Rodovia Ayrton Senna. “Era bem frequente usar o celular a caminho do trabalho. Ia respondendo e-mails e olhando o WhatsApp”, conta.

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Martins ficou 15 dias internado, dos quais cinco foram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Agora, já estou melhor. Abandonei a cadeira de rodas.”

Engenheiro e mestre em transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Sergio Ejzenberg diz que o uso do equipamento para a comunicação é algo “inconcebível”, mas pondera que o aparelho é útil quando utilizado para encontrar os melhores trajetos para se chegar a um destino. “O celular não serve só para falar. Ele tem aplicativos de deslocamento urbano que são imprescindíveis. É mais seguro olhar a rota no aplicativo do que procurar por placas, o que pode levar a decisões de última hora que podem ser perigosas. Mas não dá para digitar, porque isso acaba causando acidentes gravíssimos. É preciso um controle dessa compulsão.”

Segundo Ejzenberg, o motorista perde a noção do risco quando está distraído com o aparelho – e não percebe o trajeto que faz em poucos segundos. “Um veículo roda 17 metros por segundo a 60 km por hora. Se a pessoa ficar cinco segundos sem olhar para a frente, vai andar por um quarteirão às cegas. É preciso deixar isso claro para todo cidadão que acha que não vai ter problema”, alerta.

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Já sobre o dado de que pessoas com maior escolaridade acabam cometendo mais a infração, que soma 7 pontos na carteira e tem multa de R$ 293,47, Bottura diz que a prática tem mostrado que “não é a escolaridade que dá a cultura”.

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