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O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas no YouTube. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Comer & Beber 2020: Rodrigo e Adriana levam o título causa social

Desde 21 de março, o chef e a historiadora distribuem quentinhas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

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Atualizado em 20 jan 2022, 14h07 - Publicado em 19 nov 2020, 21h15
Comer & Beber 2020/2021 - Causa Social - Rodrigo Oliveira e Adriana Salay - Quebrada Alimentada
Adriana Salay e Rodrigo Oliveira: desenvolvedores do projeto Quebrada Alimentada (Ligia Skowronski/Veja SP)
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Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo é verso e título de um poema de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa. A figura de linguagem usada pelo escritor português ilustra bem o que o casal Adriana Salay e Rodrigo Oliveira vem desenvolvendo com o projeto Quebrada Alimentada.

Quando veio a pandemia, a dupla olhou diretamente para o mundo a seu redor, o mundo em torno do Mocotó, restaurante de cozinha sertaneja nordestina na Vila Medeiros, na periferia da Zona Norte. Não foi difícil para eles constatar não só os estragos que o novo coronavírus causaria, mas os efeitos devastadores que a fome produziria no bairro com a falta de trabalho agravada pelas necessárias medidas de distanciamento social.

Em vez de ficarem apenas consternados, a historiadora e o chef de cozinha arregaçaram as mangas e viraram empreendedores do bem. Passaram a preparar e distribuir refeições diariamente para a vizinhança. “Com uma crise epidêmica, a situação ficaria calamitosa”, anteviu Oliveira. “As primeiras quentinhas foram entregues em 21 de março. Começamos com sessenta e, em abril, eram 200 por dia. Numa contagem recente, calculamos ter distribuído mais de 40 000 marmitas.”

O cozinheiro lembra que a ação capitaneada por Adriana envolve muitos benfeitores, variando de uma marca de arroz a doações obtidas por meio de uma vaquinha, além da ajuda recebida de artistas do bairro, ONGs, instituições religiosas… Um dos maiores custos do projeto é a mão de obra. São necessárias duas pessoas para cozinhar e duas para fazer a entrega de senhas pela manhã e das marmitas a partir das 11h — é emocionante ver o rosto das pessoas que formam fila na porta do extinto Esquina Mocotó, vizinho ao Mocotó.

“Parte dos recursos para o custeio dos funcionários vem do Mocotó e parte é minha e da Adri”, diz o cozinheiro, que ainda encaminha 250 cestas básicas mensais combinadas a um kit de vegetais orgânicos de agricultura familiar. “Não falhamos um dia, nem domingos e feriados. Estamos sempre lá.” A coordenadora Adriana é uma estudiosa do tema fome no doutorado que desenvolve na Universidade de São Paulo a partir da obra de Josué de Castro. “O Brasil tem uma fome estrutural causada pela sociedade. Temos alimentos suficientes para todos, mas não temos uma distribuição igualitária desses alimentos”, enfatiza ela.

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Certamente, Adriana e o companheiro deram um passo decisivo no combate à diminuição dessa desigualdade a partir do universo onde estão inseridos e por isso dividem neste ano o prêmio Causa Social de VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER.

 

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