Exposição na Funarte revela os sons inaudíveis das abelhas
'Geoprópolis Bioacústico' tem obra sonora feita a partir do som dos insetos gravado pelo artista João Machado com microfone ultrassônico
Os sons emitidos pelas abelhas, imperceptíveis ao ouvido humano, são os protagonistas de Geoprópolis Bioacústico. O artista João Machado, 47, é criador de abelhas nativas há dez anos em Visconde de Mauá (RJ). “Aquela abelha conhecida, com ferrão, não é do Brasil. Foi trazida para cá pelos portugueses. Aqui, existem mais de 300 tipos de abelhas nativas. Desses, eu crio quinze, naturais da Mata Atlântica, onde eu vivo”, explica.
São elas que o público escuta na Escultura Bioacústica, uma espécie de caixa de som em cerâmica e metal. Ela reproduz a obra sonora criada por João em parceria com o músico Daniel Magnani a partir dos zumbidos gravados pelo meliponicultor com um microfone ultrassônico, que capta sons acima da frequência da audição humana. “As abelhas se comunicam com esses sons, que são bem mais que o zumbido que estamos acostumados”, diz.
Compõe a mostra uma videoinstalação com o interior de uma colmeia e outra que exibe a Casa Mirim, casa-escultura criada por João para ser habitada por humanos e abelhas. Há ainda uma tapeçaria de quatro metros de comprimento, desenvolvida pelas tecelãs da Casa do Tear Dona Mariana, no interior de Minas Gerais, a partir de desenhos de João.
“Meu trabalho é de militância mesmo, pela preservação dessas abelhas, através da conscientização das pessoas nas cidades”, resume. A programação inclui atividades educativas de mapeamento e alimentação dos insetos. A curadoria é de Arasy Benítez, parceira no projeto.
Complexo Cultural Funarte. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos. ☎ 95078- 3004. Qua. a dom., 14h/19h. Grátis. Até 3/11. @funarte.
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914.