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Exposição traz pinturas de grandes dimensões de Di Cavalcanti

A mostra traz obras gigantes para dar panorama de produção muralista e de mosaicos e inclui painel cortado ao meio, provavelmente pelo primeiro proprietário

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 jun 2021, 20h40 - Publicado em 4 jun 2021, 06h00
Obra mostra quatro pessoas. Uma mulher deitada, uma com um pandeiro outra dançando, outra sentada e um homem tocando violão
Serenata (1925): uma das obras mais exibidas em mostras do artista (Sergio Guerini/Divulgação)
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Um dos pioneiros a retratar personagens populares em suas obras, o genial pintor carioca Emiliano Di Cavalcanti ganha a mostra Di Cavalcanti, Muralista no Instituto Tomie Ohtake. O curador Ivo Mesquita selecionou 23 trabalhos do artista, que viveu entre 1897 e 1976. Embora não tenha murais, o conjunto reúne dezenove pinturas de grandes dimensões, como Figuras (1956) e Mulheres no Mangue (1948).

Mulheres do Mangue (1948): linhas soltas que mais tarde ganharam gravidade em outras telas dele
Mulheres do Mangue (1948): linhas soltas que mais tarde ganharam gravidade em outras telas dele (Alexandre Santos Silva/Divulgação)

Há três painéis em tela, caso de Feira Nordestina (1951), que, depois de concluído, foi cortado em dois pedaços, acredita-se que pelo seu primeiro proprietário. A seleção é uma espécie de guia para os visitantes entenderem a produção muralista e de mosaicos de Di Cavalcanti. Nas telas Serenata (1925) e Devaneio (1927) notam-se a variação gradativa dos tons das cores e a opção por geometrizar as figuras humanas, modelando seus volumes, a partir das formas de cone, esfera e cilindro.

Obra mostra rostos, formas abstratas e geométricas, silhuetas, cabelos, um pássaro, tudo misturado
Figuras (1956): pintura soturna que parece flertar com a xilogravura (Alexandre Santos Silva/Divulgação)

Essa proposta visual foi defendida pelo mexicano David Alfaro Siqueiros (1896-1974) em 1921, num manifesto que influenciou os muralistas de seu país e também o pintor brasileiro, próximo do grupo, do qual Diego Rivera (1886-1957) era o maior expoente. Soluções similares às dos últimos dois trabalhos citados aparecem em Samba e Carnaval (1930), mural de Di Cavalcanti no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Esse díptico ganha uma reprodução na escala real em faixas de plástico vinil, com 4,5 metros de largura por 5,5 metros de altura.

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Obra mostra desenhos de pessoas em uma feira. Tem um palco com pessoas dançando, uma mulher com uma tábua na cabeça, pessoas sentadas, de pé, pássaros e, ao fundo, o cenário de uma cidade
Feira Nordestina (1951): uma das partes da obra que, depois de concluída, foi cortada ao meio por um colecionador (Alexandre Santos Silva/Divulgação)

Também é possível estabelecer paralelo entre o painel Trabalhadores (1952), integrante da exposição, e o mural Alegoria das Artes (1950), feito pelo artista na fachada do Teatro Cultura Artística, no centro. Em ambos, tem-se uma representação chapada das personagens e a delimitação de campos da composição por meio de cores, sem contar as linhas grossas e orgânicas, que dão à geometrização um aspecto solene, mas mais fluido.

Instituto Tomie Ohtake. Rua Coropés, 88, Pinheiros, ☎ 2245-1900. Terça a domingo e feriados, 12h às 17h. Grátis. Até 17 de outubro.

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Publicado em VEJA São Paulo de 09 de junho de 2021, edição nº 2741

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