A história de Andréia e seu cão-guia, o Boy
A vida da deficiente visual Andréia Queiróz, de 34 anos, mudou desde que ganhou a companhia de Boy, um cachorro de quase 3 anos de idade. Em homenagem ao Dia do Cão-Guia, que aconteceu ontem (a data é comemorada na última quarta-feira de abril), ela conta um pouco de sua história com o golden retriever: […]
A vida da deficiente visual Andréia Queiróz, de 34 anos, mudou desde que ganhou a companhia de Boy, um cachorro de quase 3 anos de idade. Em homenagem ao Dia do Cão-Guia, que aconteceu ontem (a data é comemorada na última quarta-feira de abril), ela conta um pouco de sua história com o golden retriever:
“Eu participei do programa do apresentador Luciano Huck em setembro de 2009, quando ganhei um cão-guia. Não tinha condições de adquirir um, já que podem custar de 18 000 a 20 000 reais. Após uma longa espera causada por problemas logísticos, finalmente o Boy chegou em outubro do ano passado. Ele ficou um ano e meio em processo de socialização e treinamento. Como usei a bengala para me locomover por sete anos, ainda estou em fase de adaptação. Agora, temos um trabalho dividido, em que dou comandos como “frente”, “direita”, “sobe”, “embarca”… Ele entende tudo e é super obediente. Mas ainda tenho dificuldades em confiar totalmente no que ele me indica.
Consigo entrar com o Boy em praticamente todos os lugares. Só uma vez enfrentei um problema em um supermercado do meu bairro, pois o segurança nos barrou na porta. Porém, logo a situação se resolveu. Vale lembrar que as pessoas não devem fazer carinho nele quando está me levando, pois desviam assim sua atenção. Até precisei colocar na guia uma plaquinha que diz ‘por favor, não toque, estou trabalhando’.
O Boy acompanha minha rotina puxada, por isso às vezes dou folgas para ele. Um dia comum para nós seria:
– Às 5h15 da manhã, saímos de minha casa no Jardim Iporã (região de Paralheiros, na Zona Sul)
– Pegamos uma lotação e dois ônibus até chegar ao meu serviço na Fundação Dorina Nowill, na Vila Clementino, onde atuo como revisora. No caminho, todo mundo já o conhece. E se ele não vai, o pessoal fica sentindo falta. Como chego cedo, brincamos com sua bolinha de tênis para ele desestressar
– Enquanto trabalho, ele fica deitado todo esparramado. Passa a tarde roncando. À noite, vamos de metrô para a faculdade de teologia, no centro. No percurso, sempre ofereço biscoitinhos como recompensa
– Chegamos em casa por volta da meia-noite, após pegar metrô e mais um ônibus
Quando voltamos, o Boy fica em um chamego só com o Jonathan, meu filho de 11 anos. Depois, vem dormir comigo e meu marido em um edredom que estendo no chão do meu quarto. Sou apaixonada por ele. Quando não está por perto, penso que tem alguma coisa faltando. Ele já virou um extensão de mim, uma extensão de quatro patas.”