“J. Edgar”
Por Miguel Barbieri Jr. Quando foi anunciado que Clint Eastwood faria uma biografia de J. Edgar Hoover (1895-1972), especulou-se que o diretor traria à tona o até então obscuro lado homossexual do chefão do FBI. Discreto na abordagem, Eastwood não se furta a tocar no delicado assunto neste drama. Em muitos momentos, é possível enxergar […]
Por Miguel Barbieri Jr.
Quando foi anunciado que Clint Eastwood faria uma biografia de J. Edgar Hoover (1895-1972), especulou-se que o diretor traria à tona o até então obscuro lado homossexual do chefão do FBI. Discreto na abordagem, Eastwood não se furta a tocar no delicado assunto neste drama. Em muitos momentos, é possível enxergar no belo roteiro de Dustin Lance Black (vencedor do Oscar por “Milk”) uma velada e comovente história de amor entre Hoover e seu fiel parceiro de investigações, Clyde Tolson (vivido pelo bonitão Armie Hammer, intérprete dos gêmeos de “A Rede Social”). O máximo da ousadia, no entanto, é beijo na boca à força entre os personagens. Na melhor atuação de sua carreira, que a Academia de Hollywood absurdamente ignorou no Oscar, Leonardo DiCaprio faz o protagonista da juventude até a morte, aos 77 anos — fruto de um espetacular trabalho de maquiagem. A trama tem início com Hoover ainda rapazinho e empenhado no trabalho — ele começou como bibliotecário do Congresso Americano. Em sua primeira conquista amorosa, levou um fora de Helen (Naomi Watts), mas transformou-a em sua secretária ao ser nomeado assistente do diretor do FBI. Nas décadas de 20 e 30, já no posto principal, havia comprado briga com imigrantes comunistas e dado início a uma caça a lendários bandidos, como Dillinger e Baby Face. Reprimido por uma mãe dominadora (Judi Dench), Hoover mantinha a pose de líder e homem forte da lei. Eastwood expõe não só essa imagem de durão, mas também a de uma pessoa solitária, frágil e indisposta com seus reprimidos desejos.
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