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Às quartas-feiras, Xan Ravelli, musicoterapeuta, especialista em comportamento e inteligência emocional, comunicadora, apresentadora de TV e empreendedora vai dividir com os leitores sua bagagem multifacetada, com reflexões sobre o amor e as relações na pós-contemporaneidade

Amores que adoecem: quando o cuidado vira carga

Quantas vezes nós, mulheres, fomos ensinadas a chamar de amor aquilo que, na prática, é silêncio engolido?

Por Xan Ravelli
19 nov 2025, 18h47
Amores que adoecem
Amores que adoecem (Freepik/Reprodução)
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Há amores que aquecem e há amores que pesam no corpo.

Em muitas relações heteronormativas, o que diferencia um do outro é apenas o tempo que se leva para reconhecer o quanto um vínculo pode mudar e deixar de nutrir, passando a exigir um desconforto extremo para que a relação permaneça.

Quantas vezes nós, mulheres, fomos ensinadas a chamar de amor aquilo que, na prática, é silêncio engolido?

Quantas relações só seguem adiante porque um dos lados, quase sempre o feminino, está disposto a suportar, abrir mão, perdoar de novo?

É quase sempre a mulher quem se torna responsável por orquestrar a casa, apaziguar conflitos, decifrar o humor do outro, antecipar necessidades, lembrar datas, marcar médicos, sustentar espiritualmente toda a família, absorver explosões emocionais… A lista é extensa.

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É o coração transformado em agenda, o corpo convertido em escudo.

bell hooks lembra que o amor é prática de liberdade, não ocupação doméstica sem salário. Quando o cuidado se torna obrigação unilateral, deixa de ser gesto amoroso e passa a ser trabalho invisível. E esse trabalho adoece.

Dói nas costas, na boca do estômago, no sono entrecortado, na enxaqueca que insiste, na libido que some. O corpo somatiza o que a boca não tem autorização social para dizer, afinal, numa sociedade ainda regida por valores patriarcais existe um ponto mais alto na hierarquia social para uma mulher casada, independente das violências que, tantas vezes, ninguém vê.

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Maya Angelou dizia que o corpo fala baixinho, e  se não escutamos, ele começa a gritar. Às vezes o grito vem em forma de ansiedade, crise de choro, apatia, falta de desejo ou aquela exaustão que nenhuma noite de sono resolve.

Não é frescura: é o limite pedindo socorro.

Fomos treinadas para ser o alicerce emocional da relação. Se ele desaba, a gente acolhe. Se a família dele ruir, a gente sustenta. Se o trabalho dele implodir, a gente reorganiza a vida inteira.

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Mas quem sustenta a mulher que sustenta tudo?

Amor saudável não é aquele em que alguém se dissolve para manter o outro inteiro.É preciso um olhar honesto que divida tarefas, reparta responsabilidades, saiba pedir desculpas e, principalmente, consiga pedir ajuda.

Amor que cuida de verdade não deposita todo o peso em um único corpo.Talvez a pergunta essencial não seja “quem você ama?”, mas: “quem você ama, te humaniza o suficiente para carregar contigo esse mundo que você equilibra nas costas?”

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