Não chegamos até aqui sozinhos.
Foi no encontro, de mãos dadas ou em confronto, de abraços, olhares e pactos silenciosos que a humanidade sobreviveu, criou, resistiu. Somos seres interdependentes. Nossa personalidade, nossos quereres e pensamentos se forjam nos laços que fazemos pelos caminhos.
Somos parte dos amigos que cultivamos. Dos amores que vivemos, no afeto, no desejo, ou em ambos. Somos também parte das pessoas que admiramos, estejam elas próximas ou presentes em músicas, livros e poemas.
Relações não são detalhe da vida: são a trama que a sustenta. O amor nos move, a cooperação nos levanta, a amizade nos devolve o fôlego. Foi no afeto que atravessamos desertos, na coletividade que inventamos cidades, no cuidado que encontramos sentido para continuar.
Você pode me chamar de Xan (apelido de infância para Alexandra). Sou uma mulher preta de 44 anos, bissexual, mãe de três filhos, filha da Dona Filó, de 86 anos, e do Seu Edgard, que partiu no ano passado. Casada há 15 anos numa relação não convencional, tenho amizades que atravessam décadas e um amor profundo por cada pessoa que escolho dividir a vida.
É disso que quero falar nesta coluna: não de teorias distantes, mas da vida como ela pulsa entre nós. Das dores e delícias de amar, da coragem de confiar, das pequenas alianças que mudam destinos. Quero convidar você a olhar para as relações humanas como o bem mais revolucionário, ancestral e insubstituível que temos.
Se hoje chegamos até aqui, é porque antes de qualquer tecnologia, economia ou ciência, fomos capazes de estar uns com os outros.
Que este espaço seja um convite para lembrar, pensar e sentir junto. Aqui vamos falar, sem pudores, sobre afetos, amizades, sexualidades e as relações de cuidado entre filhos e pais.
Porque, afinal, é no entre nós que a vida acontece.
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