São Paulo solar e vagarosa
Um domingo com cara de verão no centro proporciona momentos de respiro em meio ao caos urbano
Há domingos em que é preciso lembrar que São Paulo também é de sol.Fabio CodeçoFr
Acordei sem pressa. Café passado, um vinil girando, a manhã respirando lenta pela janela. Quando deu vontade de sair, decidi viver o centro, essa parte da cidade que nunca dorme, mas que, de vez em quando, parece pisar no freio.
Primeira parada: Parque Augusta. Entre prédios altos e buzinas ao redor, ele funciona como uma pausa. Estendi a canga, deitei na grama e deixei o sol encostar na pele. Mesmo longe do mar, existe ali uma espécie de praia possível: gente esticada, risadas soltas e a cidade ao fundo, como trilha ambiente. Um domingo com cara de verão.
Quando a tarde começou a cair, segui até o Minhocão. É sempre bonito assistir ao momento em que o viaduto muda de função: de símbolo do caos urbano para palco de encontros. Pessoas caminhando, pedalando, ouvindo música, tomando sol no concreto. A luz bate nas fachadas e a cidade, por um instante, parece leve.
Continuei a caminhada até o bar Cordial, onde parei para um chope. Pedi uma porção de coroação e fiquei ali, no parklet, observando a vida passar: pessoas passando com sorvetes na mão, amigos brindando, luzes batendo nas curvas do Copan.
Fiquei ali, vendo a cidade se transformar com o pôr do sol. A correria dava lugar a passos lentos, risadas e conversas jogadas fora. São Paulo, que tantas vezes parece cinza, tem desses dias em que tudo ganha cor.
E é bom lembrar que, mesmo sem mar, a gente também pode viver de sol basta saber encontrar respiros no meio dos prédios.





