Como cuidar da saúde hoje vai contribuir para futuras gerações mais sadias
Médica autora de autora de 'O Segredo de uma Gestação Saudável: Como seu estilo de vida impacta as futuras gerações' traz reflexões
Durante minha vida profissional, senti a necessidade de estudar áreas da medicina pouco exploradas durante a graduação na tentativa de encontrar respostas para dilemas enfrentados no dia a dia de um médico.
Após ser mãe e com todo o amadurecimento que a vida me trouxe em vários aspectos, algo me chamava atenção: como as mulheres estavam adoecendo. Sentia nelas um agravamento maior da saúde, provavelmente gerado pela dupla jornada diária de trabalho e pela mudança no perfil delas ao longo dos anos.
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Foram inúmeras conquistas, porém nota-se que estão pagando com a própria saúde. A mãe pacata que não trabalhava fora deu espaço para a mãe moderna. Aquela que ri alto, tem sorriso largo na boca, fala o que pensa, brinca com o filho no chão, sai com as amigas quando pode, trabalha dentro e fora de casa. A nova mãe saiu do armário, aprendeu a falar, a ser escutada. Ainda é muito difícil entender essa “falsa liberdade” que vivemos.
Diante desse contexto e do alarmante aumento de doenças (psiquiátricas, ginecológicas e autoimunes), começamos a enxergar tudo com uma visão mais holística e as respostas começam a aparecer. Me senti na obrigação de compartilhar informações nem um pouco recentes, todas já valorizadas por nossos médicos ancestrais, mas que por algum motivo foram deixadas de lado. Já dizia Hipócrates: “Faça do seu alimento seu remédio”.
A medicina tradicional chinesa está no Brasil há mais de cinquenta anos, sendo pouco valorizada e explorada. Técnicas de respiração para manejo do estresse? Por incrível que pareça o mundo está tão frenético que nem respirar sabemos mais. É preciso fazer um resgate do básico.
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Estudos ao redor do mundo relacionam a influência de determinados fatores externos, bem como o estilo de vida, em um padrão de saúde-doença específico. Fez-se então uma associação entre influências ambientais ocorridas durante a gestação e já após o nascimento e o surgimento de doenças na vida adulta (vejam só quanto tempo depois elas se manifestam).
Essas ideias atualmente estão agrupadas em um novo ramo de conhecimento científico chamado Dohad — origens desenvolvimentistas da saúde e doença.
É a história que sempre digo de “ligar ou não as chavinhas”. Nossa carga genética influencia muito pouco na nossa longevidade e qualidade de vida. Não podemos ignorar nossa herança genética, aquela que papai e mamãe contribuem metade cada um para nossa formação, mas podemos decidir — e esse é o cerne da mensagem que muitos precisam saber.
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A questão central é se vamos facilitar que essa herança se aflore (e, com ela, trazer todo o passado de descuido de nossos pais) ou se vamos nos cuidar e permitir que as futuras gerações sejam menos dependentes de remédios e menos propensas a desenvolver determinadas mazelas.
A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br
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Publicado em VEJA São Paulo de 28 de setembro de 2022, edição nº 2808